Capítulo – Entre ciúmes e um salto impossível
Maria deixou escapar um leve lampejo de decepção em seus olhos, mas logo recuperou a compostura.
Ela sorriu com naturalidade e disse suavemente:
"Tudo bem.
Amanhã também é um dia, você será sempre bem-vindo~"
Yamato, ao ver Rels D. Morpheus recusar o convite, finalmente mostrou um sorriso genuíno.
Seus braços relaxaram e seus passos tornaram-se muito mais leves.
Pouco depois, Maria tomou um caminho diferente.
Ela se virou para trás, acenando com a mão, os dedos longos e delicados brilhando sob o sol:
"Rels, então nos vemos na próxima aula~"
Rels retribuiu educadamente, com um leve sorriso no rosto:
"Está certo, até a próxima."
Maria assentiu e, com passos graciosos, afastou-se até sumir na esquina, deixando apenas a lembrança de sua silhueta dourada contra a luz.
Yamato, no entanto, não ficou inteiramente satisfeita.
O simples fato de Rels ter sido tão educado com Maria já bastava para nublar novamente seu humor.
Ela abaixou a cabeça, bufando baixinho:
"Hmph…"
A cada passo, chutava pedrinhas com a ponta do pé, espalhando-as pelo caminho.
Os pequenos estalos se misturavam ao farfalhar da grama quando as pedras rolavam e desapareciam no verde.
Rels observou aquela cena com um sorriso resignado.
Ele sabia que precisava acalmá-la.
Acelerou o passo e se colocou ao lado dela, ajustando seus movimentos para acompanhar o ritmo de Yamato.
Inclinou-se um pouco e perguntou com voz suave:
"Yamato… o que houve?
Algo te deixou irritada?"
Ela levantou o rosto, a expressão contrariada, e respondeu firme:
"Rels, Maria é uma mulher má."
Rels soltou uma risadinha e passou o braço pelo ombro dela.
O perfume suave dos cabelos de Yamato subiu, e ele falou com um tom quase brincalhão:
"Ora, Yamato, o que é isso?
Eu e Maria mal nos conhecemos.
Nem amigos de verdade somos ainda."
Seus olhos estavam claros e sinceros, encarando diretamente os dela.
E então completou:
"Mas você… você é a minha melhor, melhor Amiga!"
Essas palavras acertaram o coração de Yamato como uma flecha.
"Sério?" perguntou baixinho.
Rels assentiu de imediato.
"Claro que é verdade!
Quando foi que eu menti pra você?"
O rosto de Yamato relaxou, e um sorriso doce floresceu em seus lábios, tão belo que parecia derreter o gelo do inverno.
"Hmph, tudo bem então. Vou acreditar em você."
Apesar do tom ainda levemente teimoso, a alegria em seu olhar não conseguia ser disfarçada.
Vendo que Yamato já estava de bom humor, Rels deu um tapinha suave em seu ombro.
"Assim sim~
Não fique sempre irritada desse jeito.
Vai acabar virando uma vovozinha ranzinza."
Yamato inflou as bochechas, semicerrando os olhos:
"Você é que é a vovozinha!"
Rels gargalhou.
"Tá bem, tá bem, eu sou a vovozinha… e você é a linda princesinha."
"Hmph, dessa vez você se salvou." Yamato virou o rosto fingindo indiferença, mas os ombros que tremiam levemente denunciavam o sorriso que ela escondia.
Rels então se colocou diante dela, apoiou as mãos em seus ombros e a fez encará-lo diretamente.
Seus olhos estavam sérios.
"Yamato, não pode ficar fazendo birra assim sempre, entendeu?"
Ela respondeu em voz suave:
"Entendi~"
Rels sorriu e, num gesto carinhoso, tocou o nariz dela com o dedo.
"Essa é a minha boa Yamato."
O sorriso que ela lhe devolveu era radiante.
Pouco depois, Yamato se despediu:
"Vou voltar agora."
Mas Rels pensou por um instante e respondeu:
"Espere.
Yamato, vá na frente.
Quero dar uma volta sozinho."
Ela apenas assentiu, sem fazer perguntas.
Rels seguiu sozinho pela estrada, sentindo a brisa suave roçar o rosto.
As folhas e a grama farfalhavam sob seus passos, e ele se deixou levar por aquele momento tranquilo.
Foi então que ouviu um grito.
"Aaaaahhh!"
Seu olhar disparou na direção do som.
Um garoto despencava de uma árvore alta, os braços agitando no ar em desespero.
O tronco era grosso, os galhos se espalhavam como um enorme guarda-chuva verde.
O menino havia subido para colher uma fruta, mas o galho fino em que se apoiava havia cedido.
Rels não pensou duas vezes.
Seus olhos se estreitaram, e seus músculos se retesaram.
"Não vou deixar isso acontecer na minha frente!"
Com um passo firme, esmagou o chão sob seus pés.
"Boom!"
O impacto lançou seu corpo para cima como um míssil.
O ar cortado assobiava em seus ouvidos enquanto descrevia um arco no céu.
O garoto caía cada vez mais rápido.
O tempo parecia desacelerar diante dos olhos de Rels.
Mas ainda havia distância…
Ele não teria como alcançar apenas com esse salto.
Foi então que executou algo incrível.
No ar, apoiou o pé esquerdo sobre o direito, como se houvesse um degrau invisível.
E usando esse ponto de apoio impossível, gerou uma força explosiva.
Seu corpo disparou ainda mais alto, como se desafiasse todas as leis da natureza.
"Uooooohhh!"
Rels D. Morpheus subiu em direção ao garoto em queda, pronto para salvá-lo.