Capítulo – Ordens em Wano
Enquanto Rels ainda se divertia com os piratas, King se aproximou de Kaido.
Segurava uma taça de saquê, a chama atrás da cabeça tremulando com o vento da noite.
"Senhor Kaido, ofereço-lhe um brinde."
Kaido estava sentado em um enorme trono de pedra, feito sob medida para seu porte colossal.
Com um sorriso satisfeito, ergueu a cabaça de saquê e encostou contra a taça de King.
"Worororororo~ King, até o fim!"
Ambos viraram a bebida de uma só vez, batendo os copos na mesa depois.
Kaido inclinou a cabeça, os olhos semicerrados.
"King, como estão os Piratas das Feras na minha ausência?
Aconteceu algo em Wano?"
O semblante de King ficou mais grave.
Baixou a voz, encarando o imperador:
"Senhor Kaido… na sua ausência, Wano não ficou em paz.
Os criados de Kozuki Oden têm se mexido novamente, aproveitando-se da sua falta.
Atacam nossos homens em segredo.
Parece que já têm a intenção clara de se rebelar."
O olhar de King brilhou com frieza.
"Eles nunca aceitaram nossa presença. Sempre buscaram criar problemas."
A expressão de Kaido escureceu.
Seus olhos se estreitaram até virarem fendas ameaçadoras.
"Hmph. Idiotas que não sabem o que é bom para eles.
Acham que podem virar o mundo de cabeça para baixo só porque eu não estava aqui?"
Wano era próspera, rica em tradição e recursos.
Antes, fora governada pelo Clã Kozuki, mas o Clã Kurozumi, liderado por Orochi, conspirou nas sombras.
Com sede de poder, ele assassinou o xogum Kozuki Sukiyaki e tomou o trono.
Orochi aliou-se a Kaido, transformando Wano em uma fábrica de armas para sustentar os Piratas das Feras.
Mas, com o tempo, o domínio de Kaido superou até mesmo o do falso xogum.
Agora, Wano era seu território.
Seu segundo lar.
E ele não permitiria que ninguém desafiasse essa realidade.
Kaido se ergueu de súbito, imponente, as mãos cruzadas atrás das costas.
"Parece que está na hora de um confronto decisivo!"
"King! Aumente a busca! Quero cada um desses vermes encontrado.
Quero ver até onde vai a ousadia deles!"
Cada palavra dele era como um trovão, reverberando pelo salão.
"Sim, Senhor Kaido." — respondeu King, inclinando-se.
Kaido pegou novamente sua cabaça de saquê.
Olhando para as luzes distantes de Wano, murmurou com voz carregada:
"Wano é meu domínio. Farei todos entenderem isso."
Ergueu a cabaça e a esvaziou de uma vez.
Depois a esmagou no chão com estrondo.
A festa minguava.
Alguns piratas já dormiam espalhados pelo chão, outros resmungavam bêbados ao redor das fogueiras.
A fumaça e o cheiro de álcool pairavam no ar.
King se aproximou de Rels.
"Rels, o Senhor Kaido pediu que eu o acompanhasse até seus aposentos."
O jovem despediu-se dos piratas, ainda sorridente, e seguiu King pelos corredores da fortaleza.
No caminho, olhava ao redor com curiosidade, o coração palpitando de expectativa.
Chegaram diante de uma construção sólida.
King parou e se voltou para ele.
"Rels, esta será sua morada de agora em diante. Está satisfeito?"
Rels ergueu o olhar, viu o prédio robusto e simples.
Sorriu.
"Obrigado, Tio King. Estou muito satisfeito!"
Ao lado, Yamato deu um pulo animado:
"Rels, Rels! Meu quarto é bem ao lado do seu! Que ótimo~!"
Kaido, percebendo os sentimentos da filha, havia arranjado os aposentos de propósito.
Assim, os dois ficariam próximos, criando laços ainda mais fortes.
King soltou uma risada breve.
"Hahaha, a Jovem Mestra Yamato parece muito feliz.
Vocês dois deveriam descansar. Amanhã teremos trabalho a fazer."
Ele então se virou e partiu.
Rels entrou em seu quarto.
O interior era simples, mas confortável.
A lua alta lançava sua luz prateada pelo chão, enchendo o ambiente de sombras tranquilas.