Ficool

Chapter 34 - Ecos da Capital e Promessas Silenciosas.

Deixar Velunor para trás foi estranho. A cidade, com sua grandiosidade, sua energia arcana pulsante e as emoções intensas da Apresentação e da visita à Academia, parecia ter deixado uma marca indelével em mim. A viagem de volta começou com as duas famílias, Freimann e Stein, partindo juntas da capital, mas sabíamos que nossos caminhos se separariam em breve.

Por uma questão de conveniência e talvez um desejo silencioso de prolongar nossa companhia, acabei viajando na carruagem dos Stein junto com Belle, meu pai e o Conde Albert. Vivian, como sempre, insistiu em vir conosco, sentando-se entre mim e Belle. Nossas mães e Mestra Margareth seguiram na carruagem Freimann logo atrás.

A atmosfera dentro da carruagem era mais relaxada do que na ida. A tensão da Apresentação havia se dissipado, substituída por uma excitação contida sobre o futuro na Academia. Belle e eu conversamos animadamente sobre tudo que tínhamos visto: as salas de aula especializadas, a Forja Rúnica, e principalmente, as lutas simuladas no Campo de Treinamento.

— Você viu aquela Espadachim Arcana que usava gelo na lâmina? — perguntou Belle, os olhos brilhando. — A forma como ela criava barreiras e atacava ao mesmo tempo... foi incrível!

— Sim! E o Arcanista que duelava com ela? A velocidade com que ele conjurava aqueles escudos de vento era absurda — respondi, igualmente empolgado. — Faz nosso treino parecer... básico.

— Precisamos ficar mais fortes, Elian — disse Belle, com uma determinação renovada. — Se quisermos entrar naquela Academia juntos e não fazer feio.

— Com certeza — concordei, sentindo a promessa que fizemos pesar agradavelmente em minha mente.

O Conde Albert, sentado à nossa frente ao lado de meu pai, observava nossa conversa com um sorriso discreto, intervindo apenas ocasionalmente com algum comentário sobre a Academia ou um elogio às nossas observações. Meu pai parecia mais pensativo, talvez já considerando as implicações de nosso futuro treinamento.

Foi a Condessa Elisabeth, que até então estava quieta, apenas ouvindo com um sorriso gentil, quem interrompeu nossa troca de impressões sobre as batalhas simuladas.

— Fico feliz em ver vocês tão animados com a Academia, crianças — disse ela, sua voz suave, mas com um tom que prendeu nossa atenção. Ela olhou diretamente para mim. — Elian, querido, posso lhe perguntar algo?

— Claro, Condessa — respondi, um pouco surpreso pela pergunta direta.

— O que você pensa para o futuro? — perguntou ela, seus olhos cinzas profundos gentis, mas perspicazes.

Presumi que ela se referia à Academia, aos nossos planos de estudo e treinamento. Comecei a responder sobre como estava ansioso para aprender mais sobre conjuração tática e talvez a forja rúnica, e como esperava poder aprimorar minha Fulmínea da Ira Ígnea...

— Não, Elian — interrompeu-me ela, ainda gentilmente, mas com mais firmeza. Ela inclinou-se ligeiramente para frente, seu olhar tornando-se mais direto. — Não estou falando apenas da Academia. O que você espera para o futuro... junto de nossa filha?

A pergunta caiu no silêncio da carruagem como uma pedra em um lago calmo. O ar ficou subitamente pesado. Olhei para Belle, que arregalou os olhos e corou violentamente, da raiz dos cabelos até o pescoço.

— Mãe! — exclamou ela, a voz estrangulada, desviando o olhar para a janela, claramente mortificada.

Meu próprio rosto esquentou. Entendi perfeitamente o que a Condessa estava perguntando. Não era uma pergunta inocente sobre amizade ou parceria na Academia. Era sobre... mais. Sobre um possível relacionamento, um futuro que entrelaçasse não apenas nossos caminhos como Arcanista e Espadachim Arcana, mas nossas vidas.

Um turbilhão de pensamentos e emoções conflitantes me invadiu. As memórias da minha vida passada, da dor, da vingança, da escuridão que culminou em meu suicídio aos dezenove anos... A lembrança vívida do prazer sombrio que senti ao torturar e matar Luiz, o homem que destruiu minha família naquela outra existência. Eu não me arrependia de tê-lo feito pagar, não mesmo. Ele mereceu cada segundo. Mas a lembrança daquela satisfação cruel me deixava... sujo. Contaminado. Eu era um garoto de seis anos neste corpo, mas minha alma carregava cicatrizes e uma escuridão que ninguém ali poderia compreender.

Eu merecia pensar em um futuro feliz ao lado de alguém como Belle? Alguém tão cheia de luz, força e uma certa nobreza de espírito, apesar de sua própria intensidade? Eu poderia oferecer a ela algo além de treinamento e parceria, sem que minha escuridão interior a maculasse?

Respirei fundo, forçando meus pensamentos a se acalmarem. Não podia fugir da pergunta, nem queria. A Condessa Elisabeth merecia uma resposta honesta, mesmo que incompleta. Olhei para a pulseira de platina em meu pulso esquerdo, o presente de Belle, um símbolo tangível de nossa conexão recente.

— Condessa — comecei, escolhendo minhas palavras com cuidado, olhando-a nos olhos. — Belle e eu fizemos uma promessa. Uma promessa de entrar na Academia juntos, de nos apoiarmos, de enfrentarmos os desafios lado a lado. É uma promessa importante para mim. — Desviei o olhar para a pulseira por um instante, um leve sorriso surgindo em meus lábios ao lembrar do momento no jardim. — O que virá depois disso... bem, acho que somente os deuses podem saber o que o futuro nos reserva. Mas a promessa que fizemos, essa eu pretendo cumprir.

Belle, que tinha se virado para me ouvir falar, ficou ainda mais vermelha, mas havia um brilho diferente em seus olhos agora, uma mistura de timidez e... algo mais? Talvez esperança.

A Condessa Elisabeth me observou em silêncio por um momento, seu olhar ainda perspicaz. Então, um sorriso caloroso se espalhou por seu rosto.

— É uma boa resposta, Elian. Uma resposta honesta e focada no presente, mas que não fecha portas para o futuro. — Ela relaxou em seu assento. — Gosto disso. E saiba que esperamos muito de você, meu jovem. Em todos os sentidos.

O Conde Albert, que permanecera em silêncio durante toda a troca, apenas me encarava com uma intensidade difícil de decifrar. Ele não sorriu, nem franziu a testa. Apenas observou, como se estivesse me medindo, avaliando minha resposta e minha sinceridade.

A tensão na carruagem diminuiu gradualmente após a conversa, mas algo havia mudado. A pergunta da Condessa pairou no ar, não dita, mas presente. O futuro, antes uma tela em branco a ser preenchida com treinamento e descobertas arcanas, agora ganhava contornos mais complexos, mais pessoais.

Passaram-se mais algumas horas de viagem, com conversas mais leves e observações sobre a paisagem que mudava gradualmente, tornando-se mais familiar à medida que nos afastávamos da capital. Finalmente, chegamos à bifurcação onde nossos caminhos se separariam. A carruagem dos Stein parou ao lado da nossa.

Descemos para nos despedir. Desta vez, não houve apenas acenos ou apertos de mão formais. Belle se aproximou de mim e, para minha surpresa, me deu um abraço rápido, mas apertado.

— Cumpra sua promessa, Elian — sussurrou ela em meu ouvido antes de se afastar, o rosto ainda levemente corado.

— Você também, Belle — respondi, sentindo um calor inesperado com o gesto.

Vivian correu para abraçar as pernas de Belle e depois acenou animadamente para o Conde e a Condessa. Nossos pais trocaram despedidas formais, mas com uma cordialidade renovada.

— Nos veremos em breve, Lucius — disse o Conde Albert.

— Certamente, Albert. Boa viagem — respondeu meu pai.

Observamos a carruagem dos Stein seguir por outro caminho, levantando poeira na estrada. Senti um aperto estranho no peito ao vê-los partir, especialmente Belle. A promessa que fizemos parecia ainda mais real agora, uma linha invisível que nos conectava apesar da distância que crescia entre nós.

A viagem de volta ao nosso feudo levou mais quatro longos dias. Sem a companhia dos Stein, a carruagem parecia maior e mais silenciosa. Meu pai e minha mãe conversavam em voz baixa sobre assuntos do feudo e as notícias da capital, enquanto eu passava a maior parte do tempo em silêncio, perdido em minhas próprias reflexões sobre a Academia, Belle, a Condessa Elisabeth e as sombras do meu passado.

Vivian, no entanto, parecia imune à quietude pensativa. Ela tagarelava sobre os cavalos, as árvores que passavam, as nuvens no céu, e fazia perguntas incessantes sobre tudo. Foi no terceiro dia de viagem, enquanto atravessávamos uma floresta densa e úmida, que algo inesperado aconteceu.

Estávamos parados para um breve descanso, permitindo que os cavalos bebessem água em um riacho próximo. Vivian estava brincando perto da margem, tentando pegar pequenos peixes com as mãos, sob o olhar atento de nossa mãe. De repente, ela soltou um gritinho agudo, não de medo, mas de surpresa.

— Olha, mamãe! Olha, Eli! Brilhante!

Corremos até ela. Vivian estava com as mãos estendidas sobre a água, e na palma de sua mão direita, uma luz suave e etérea pulsava. Não era a luz âmbar da Centelha, como a minha ou a de Belle. Era uma luz branca-acinzentada, quase translúcida, que parecia tremeluzir e se dissipar como... névoa.

Minha mãe ofegou, os olhos arregalados. Meu pai se aproximou rapidamente, ajoelhando-se ao lado de Vivian.

— O que é isso, papai? — perguntou Vivian, olhando maravilhada para a própria mão.

Meu pai examinou a luz com cuidado, seu rosto uma mistura de surpresa e orgulho. — Isso, minha pequena... é a sua Runa. Você despertou.

— Minha Runa? Como a do Eli? — perguntou ela, olhando para mim.

— Quase — respondeu meu pai, sorrindo. — A sua é diferente. É uma Runa da Bruma.

Bruma... Então ela despertou. Agora é hora de começar a formar os canais de mana, para então ver se ela desperta para centelha... Será que a vovó Margareth vai treinar ela? Fiquei muito feliz em saber que ela também despertou.

Minha mãe abraçou Vivian com força. — Oh, minha filha! Estou tão orgulhosa!

Vivian riu, encantada com a atenção e com a luz misteriosa que ainda pulsava suavemente em sua mão antes de desaparecer gradualmente. Aos quatro anos de idade, minha irmãzinha havia despertado seu potencial arcano.

O restante da viagem foi preenchido com uma nova energia. Vivian estava radiante, constantemente tentando fazer a luz da Bruma reaparecer (sem muito sucesso, pois o despertar inicial costuma ser espontâneo e o controle vem com o tempo e treino). Meus pais estavam claramente felizes e orgulhosos, discutindo como adaptariam o futuro dela, já que ela despertou.

Para mim, o despertar de Vivian foi mais um lembrete do mundo complexo em que vivíamos e das responsabilidades que o poder trazia. Mais uma pessoa em minha família para proteger, mais um futuro para zelar.

Finalmente, após dias na estrada, avistamos as terras familiares do nosso feudo. A Mansão Freimann, embora modesta em comparação com a grandiosidade da capital ou da Academia, pareceu um porto seguro. Assim que chegamos, fui direto para o meu quarto. Precisava de um momento sozinho, longe da alegria pelo despertar de Vivian e das conversas sobre o futuro.

Fechei a porta e me sentei na beirada da cama, o silêncio do quarto envolvendo-me. A imagem da Condessa Elisabeth na carruagem, seus olhos gentis, mas penetrantes, fazendo aquela pergunta direta sobre meu futuro com Belle, voltou com força total.

“O que você espera para o futuro... junto de nossa filha?”

A pergunta ecoava em minha mente. Minha resposta tinha sido evasiva, focada na promessa que fiz a Belle sobre a Academia. Mas eu sabia, e a Condessa certamente também sabia, que a pergunta ia muito além disso.

Belle... A promessa que fizemos no jardim da Mansão Stein, o aperto de nossas mãos, seu sorriso radiante... Aquilo tinha sido real, um momento de conexão genuína que me surpreendeu. A ideia de entrar na Academia com ela, de enfrentar aqueles desafios juntos, era algo que me dava força, um objetivo claro em meio às incertezas.

Mas a pergunta da Condessa me forçava a olhar para além da Academia, para um futuro mais distante e pessoal. E era aí que as sombras do meu passado se agigantavam.

Fechei os olhos, e as imagens vieram sem serem chamadas. Não as desta vida, mas da anterior. Eu, com dezenove anos, consumido pelo ódio e pela dor. Luiz, o desgraçado que havia tirado meu pai de mim, que havia... violado minha irmã Luana. Lembrei-me da caçada implacável, da captura, e depois... da vingança.

Lembrei-me do porão escuro, dos gritos, do cheiro de sangue e medo. Lembrei-me de minhas próprias mãos, firmes, enquanto infligia dor, enquanto desmantelava aquele homem pedaço por pedaço, saboreando cada momento de seu sofrimento. Eu não sentia remorso por aquilo. Ele merecia. Cada corte, cada queimadura, cada osso quebrado. Ele havia destruído minha vida, minha família. Sua morte foi justiça, a única que eu poderia obter.

Mas o que me assombrava não era o ato em si, mas a sensação que tive durante ele. O prazer frio e sombrio que senti ao ouvir seus gritos, ao ver o terror em seus olhos, ao exercer poder absoluto sobre sua vida e sua morte. Aquela satisfação cruel... ela ainda estava lá, adormecida em algum canto escuro da minha alma. Eu tinha apenas seis anos neste corpo, mas a memória daquele eu de dezenove anos, um torturador e assassino movido por vingança, era parte de mim.

Como eu poderia sequer pensar em um futuro ao lado de alguém como Belle carregando isso? Ela, com sua energia vibrante, sua honra de espadachim, sua luz... mesmo em sua raiva ou rivalidade, havia uma clareza nela que eu sentia ter perdido para sempre. Eu estava sujo por dentro, marcado por uma escuridão que ela não merecia ter por perto.

Minha resposta à Condessa foi honesta no que dizia respeito à promessa. Mas o resto... “somente os deuses podem saber”... era uma forma de adiar a questão fundamental: eu merecia ser feliz? Merecia ter alguém como Belle ao meu lado, ou meu destino era apenas proteger aqueles que amo nesta nova vida, mantendo minha própria alma nas sombras, como um guardião manchado que observa de longe?

A dúvida permaneceu, pesada e incômoda, enquanto o sol se punha do lado de fora da minha janela, lançando longas sombras pelo quarto.

★★★

Enquanto Elian se perdia em suas reflexões sombrias no Feudo Freimann, uma conversa crucial ocorria na capital, Velunor, na mesma noite após a visita à Academia Arcana Real. Na biblioteca privativa da Mansão Stein, longe dos ouvidos curiosos dos criados e das crianças, os cinco adultos se reuniram: Conde Albert Von Stein, sua esposa, a Condessa Elisabeth, Baronete Lucius Freimann, sua esposa, Maria, e a imponente figura da Arquimaga Margareth Lindemberg.

A atmosfera era carregada de expectativa e do peso das decisões a serem tomadas. O convite do Diretor Aldebrand Von Smith pairava sobre eles, uma oportunidade única, mas também um desafio.

Foi o Conde Albert quem iniciou a conversa, servindo um vinho raro em taças de cristal.

— Bem, não há como negar que a visita de hoje foi... esclarecedora — disse ele, entregando uma taça a Lucius. — A Academia é, sem dúvida, o melhor lugar para Isabelle desenvolver seu potencial como Espadachim Arcana. As instalações, os mestres, o nível dos outros alunos... ela floresceria naquele ambiente.

Lucius assentiu, aceitando a taça. — Concordo plenamente, Albert. O mesmo vale para Elian. A diversidade de disciplinas, o foco em estratégia e defesa, a própria Forja Rúnica... seria um treinamento que nem mesmo nós, ou Mestra Margareth, poderíamos replicar completamente aqui. Além disso, a exposição a outros Arcanistas talentosos o forçaria a crescer mais rápido.

— E há os contatos, não podemos esquecer — acrescentou Albert. — Estudar na Academia Real abre portas, cria laços com as futuras lideranças de Malkut, tanto Arcanas quanto de Sangue-Puro. Para a Casa Stein, ter Isabelle lá, demonstrando a força de nossa linhagem adaptada às artes arcanas, seria politicamente vantajoso.

— Para os Freimann também — concordou Lucius. — Solidificaria nossa posição como uma Casa Arcana de respeito, mostrando que o talento de Elian não foi um acaso. Aumentaria nossa influência e, quem sabe, ajudaria a diminuir o preconceito que ainda enfrentamos.

Elisabeth, que observava a troca entre os maridos com um olhar pensativo, interveio suavemente. — Tudo isso é verdade, queridos. Mas não podemos ignorar o fator humano. Vocês notaram como Elian e Isabelle estão próximos?

Maria assentiu imediatamente. — Sim, Elisabeth. Desde a viagem, e especialmente após a Apresentação e a visita de hoje, eles parecem ter formado um laço muito forte. Separar os dois agora... seria cruel.

— E há a questão da idade — continuou Elisabeth, olhando para Albert e Lucius. — O Diretor foi claro. Isabelle poderia entrar em quatro anos, aos doze. Elian, apenas aos doze também, o que significa seis anos de espera para ele. Dois anos inteiros de diferença na Academia. Isso criaria uma dinâmica difícil para ambos.

Albert franziu a testa, considerando o ponto. — É uma complicação. Não tinha pensado nisso sob essa ótica.

Foi então que Margareth, que até então permanecera em silêncio, observando a todos com seus olhos penetrantes enquanto saboreava seu vinho, decidiu intervir. Sua voz, calma e firme, cortou a discussão.

— Não precisam se preocupar com a separação deles por causa da idade de ingresso.

Todos os olhares se voltaram para ela, surpresos.

— Como assim, Mestra Margareth? — perguntou Lucius.

— Eu ouvi a conversa dos dois no jardim esta tarde — revelou Margareth, um leve brilho divertido em seus olhos. — Fizeram uma promessa. Entrarão na Academia juntos, não importa o quê.

Albert olhou para Lucius, que teve a decência de parecer um pouco envergonhado, levantando a mão em um gesto de desculpas silenciosas por não ter compartilhado a informação antes.

— Uma promessa? — repetiu Albert, agora mais intrigado do que preocupado. — Bem, isso muda as coisas. Mas como pretendem fazer isso? O Diretor mencionou a janela de entrada até os quatorze anos...

— Exato — interveio Lucius, aproveitando a deixa. — Conversei brevemente com o Diretor Aldebrand após o tour, enquanto vocês se despediam. Mencionei a diferença de idade e o vínculo entre eles. Ele foi compreensivo e, considerando o potencial excepcional de ambos, concordou em abrir uma exceção específica. Isabelle poderá esperar para entrar junto com Elian, contanto que ele esteja pronto para ingressar aos onze anos, um ano antes da idade padrão.

Onze anos. A informação pairou no ar. Significava que Elian teria apenas cinco anos para se preparar para um ambiente projetado para jovens de doze a quatorze anos. Era um desafio imenso.

— Onze anos... — murmurou Maria, preocupada. — É muito cedo, Lucius. Ele ainda é tão pequeno...

— Ele é forte, Maria. E talentoso — respondeu Lucius, firme. — E com o treinamento certo...

— Ele estará pronto — completou Margareth, sua voz não deixando espaço para dúvidas. Todos se viraram para ela novamente. Ela pousou a taça de vinho na pequena mesa ao seu lado e se levantou. Sua expressão era uma mistura de determinação e uma excitação quase predatória. — O Diretor deu a Elian cinco anos. É tempo suficiente.

— Onde vai, Mestra? — perguntou Albert, curioso.

Margareth caminhou em direção à porta da biblioteca, parando no limiar para olhar para trás. Um sorriso lento, alegre e decididamente sádico – o mesmo que ela exibira anos atrás, quando aceitou Elian como seu discípulo – espalhou-se por seus lábios.

— Vou preparar um novo regime de treinamento para meu neto — anunciou ela, seus olhos brilhando com antecipação. — Um que garantirá que ele não apenas entre na Academia aos onze anos, mas que faça todos aqueles prodígios que vimos hoje parecerem meros iniciantes. Temos muito trabalho pela frente.

E com essa promessa sinistra e empolgante, a Arquimaga deixou a sala, deixando os quatro pais para trás, um pouco atordoados, mas também cheios de uma nova esperança e apreensão pelo futuro de seus filhos.

More Chapters