Ficool

Chapter 18 - O Primeiro Gole

Na manhã seguinte, Fang Yan caminhava pelos pátios da Seita da Nuvem Negra. Ele estava calmo e ereto em suas novas vestes, parecendo completamente recuperado, embora as feridas estivessem apenas começando a cicatrizar por baixo do tecido.

Lin er o acompanhava, sua forma invisível flutuando ao lado dele. Ela era os olhos e ouvidos do ambiente.

"Lin er, o que você nota nos discípulos?"

Fang Yan perguntou mentalmente, sem mover os lábios.

Lin er se surpreendeu. Ela não havia testado a comunicação mental com ele, assumindo que só a ouviria por meios auditivos. Mas a voz dele ressoou clara e fria em sua mente.

"Esses olhares,"

Lin er respondeu, a voz dela agora ressoando em sua mente como se fosse um pensamento intrusivo, mas com o tom de sua própria voz.

"São uma mistura complexa: desconfiança, medo, respeito e uma leve admiração. Mas a raiva é a mais forte em alguns deles."

"Esses olhares são por causa do Mestre,"

explicou Fang Yan, sua mente trabalhando para processar a hostilidade.

"Ele disse que me quer como sucessor dele. A raiva se mistura com a inveja. Especialmente de Shan Tao, que me trouxe para cá, e, principalmente, de Xu Jin. Ele era o provável sucessor por ser tão 'certinho' na crueldade. Eu cheguei de repente, virei o favorito e matei um Ancião sem sequer pestanejar. Destruí a hierarquia dele."

"Você não irá permanecer muito tempo aqui, né?"

Lin er perguntou, percebendo a ambição destrutiva dele.

Fang Yan sorriu, o sorriso invisível por fora, mas Lin er podia senti-lo.

"Não. Não irei ficar muito tempo. Irei pegar só o suficiente e então partir quando eu notar que aqui não tem mais nada de importante. Vou os deixar na primeira oportunidade que notar que eles não são mais importantes."

A ambição de Fang Yan era um poço sem limites. Lin er estava satisfeita.

Eles caminharam por um caminho mais isolado, e Lin er, absorvida pela conversa, não percebeu imediatamente o local para onde estavam indo.

Fang Yan parou em um pequeno nicho escondido da vista principal. Ele retirou a túnica superior, expondo o ombro e a parte de trás do pescoço.

"Venha,"

ele disse, tocando a nuca com um dedo.

"Você disse que precisava de sangue, e eu disse que seria quando eu me recuperasse. Minhas cicatrizes já se fecharam o suficiente para um primeiro gole."

Ele começou a fazer uma carícia suave com o polegar por trás do pescoço, na nuca dela.

Lin er sentiu o toque sutil, um tremor inesperado. Ela se inclinou, e a invisibilidade de sua forma permitiu que ela encontrasse a veia na junção do ombro e pescoço.

Ela começou a sugar. Fang Yan sentiu a perfuração, os caninos levemente afiados, quase como agulhas, mas o contato era firme e não brutal.

Então, algo estranho aconteceu.

Ele sentiu a língua dela se mover, lambendo a ferida enquanto sugava. A sensação ficou rapidamente dormente, e em vez de apenas dor e perda de sangue, ele sentiu um prazer estranho, quase erótico, tomar conta de seu corpo.

Ele se perguntou, sua mente analítica trabalhando mesmo sob a sensação.

Saliva...

Na saliva dela deve ter algo que deixa a parte que morde de forma dormente e dá uma boa sensação.

Ele concluiu rapidamente:

Possivelmente, ela no passado, por não se lembrar direito, consumia o sangue das vítimas e fazia isso para elas não acordarem ou não travarem uma luta que pudesse fazer com que ela perdesse sangue. É uma técnica para garantir o suprimento e evitar o desperdício.

A dor da extração de sangue era neutralizada pela saliva entorpecente de Lin er. O Demônio acabará de descobrir que o prazer era o preço para alimentar seu Espírito.

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