Ficool

Chapter 2 - Capítulo 2: Ecos Sussurrantes

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O estrondo chegou como um tapa no silêncio da noite. Isaque enrijeceu - a calma que antes recobria seu rosto derreteu num segundo, substituída por uma seriedade cortante, quase assassina. Ele correu até a janela, olhos vasculhando a rua que se incendiava em luz e calor. Não viu nada além de vultos distantes e brilho. Sem dizer palavra, pegou Fevi no colo e saiu pela porta como quem leva alguém a salvo de uma blitz.

- O que foi isso? Por que tá me levando? - Fevi arfou, lutando para entender a pressa.

- É um eco. Igual aquele que te atacou. Eu tô te levando porque é uma oportunidade de te ensinar algo específico. - A voz de Isaque não deixava margem pra discussão.

Num piscar, estavam no epicentro do calor. Tudo ali parecia alongado, como em câmera lenta que distorceu as sombras. Isaque pousou Fevi no chão com firmeza.

- Vai lá. Luta com ele. Se perder, eu te salvo antes que vire história. - disse ele, frio.

- Tá maluco? Eu vou lutar? Aquele bicho me mata! - Fevi retrucou, já sentindo o estômago apertar.

Isaque suspirou, e o ar ao redor vibrou. Fevi sentiu o peso do mundo puxando-o pra baixo, como se alguém apertasse um botão no peito. - Eu vou perguntar de novo: qual é sua essência? Se você não tiver resposta, vai lá e me mostra que eu posso confiar em você. Se não, eu mesmo te mato aqui.

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O calor queimou um segundo e o medo fez Fevi engolir as palavras. Ele respirou fundo, forçou uma risada torta.

- Se eu morrer, eu volto e puxo seu pé. - cuspira, mais para si do que para Isaque.

Fevi correu. A criatura já o esperava, uma sombra que se movia com pressa animal. Ele desferiu um soco, vazio - o braço passou pelo espaço onde deveria haver resistência. Um chute o arremessou contra um portão, o ar saiu em chiado dos pulmões.

Isaque subiu num telhado e cruzou as pernas, observando como se estivesse vendo um filme.

- Relaxa, Fevi. Você tá focando só em matar. Já pensou que ele também quer o mesmo? - falou ele, com calma pontual.

- Claro que quer. Olha a cara daquele bicho. - Fevi retrucou, irritado. Ainda sim, respirou fundo, fechou os olhos e pensou: "O que eu faço?" Quando os abriu, havia algo tranquilo ali, uma convicção nova.

- Eu não vou matar esse bicho. Vou destruir essa coisa. - falou, decidido. Isaque sorriu de canto, aprovando.

- Então vai - disse o homem. - Enquanto você faz isso, eu te explico melhor sobre o monstro.

- De novo essa aulinha? - Fevi resmungou, já correndo.

Pegou uma tábua de metal num beco e, num movimento improvisado, cravou-a na perna do eco. O urro foi seco e agudo.

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Fevi puxou a tábua e os pregos rasgaram carne - a criatura uivou, cambaleando. Isaque, do telhado, explicou devagar:

- Como essas criaturas são literalmente a essência das pessoas em forma física, eles também podem usar as habilidades que aquela pessoa poderia, mas relaxa que isso depende de uma coisa.

- Que coisa? - Fevi perguntou, ofegante, esquivando de um soco. Acabou sendo arremessado contra um muro; os pregos enfiaram-se no braço e ele foi lançado longe. A tábua foi retida por uma força invisível, faltou pouco para perfurar o crânio dele.

- Essa foi por pouco... - murmurou Fevi, se erguendo, as pernas bambas. Fingiu um ataque, trocou a tábua de mão no último segundo e acertou um soco limpo na cara do eco.

- Como eu consegui morrer com aquele outro? - Fevi riu nervoso. - Esse aqui é ridículo.

Isaque sorriu. - Cada eco é dividido em classes, esse e aquele que você enfrentou antes, são chamados de sussurro, mas o de antes era um mais evoluído, aparentemente ele tava em transição.

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- Sussurro? Por causa do som que ele faz? - Fevi perguntou, mirando a tábua numa perna rasgada, mas falhou e foi lançado contra uma parede. O eco aproveitou para desferir uma série de golpes rápidos; cada um esmagava mais seu corpo. Quando já quase não havia fôlego, uma força gravitacional puxou o monstro pra trás. Fevi não pensou; apenas se levantou, todo dolorido.

Isaque fez um gesto e o monstro foi comprimido por alguma força invisível, esmagado até virar pó. Ele então desceu do telhado com passos calmos e foi até Fevi. Pegou a tábua e depos na calçada.

- Sussurros são ecos que tomaram forma física a pouco tempo - disse Isaque - esse daí deve ter surgido a alguns minutos, por isso a força dele é comparada a de um humano normal. Com o tempo, ele poderia matar pessoas e ficar mais forte roubando suas essências.

Fevi sentiu um misto de alívio e pavor. Se esses bichos roubaram essências, então a cidade era um prato cheio.

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Isaque curou Fevi lentamente, a mão dele emitindo um brilho sutil que costurava cortes e remendava tecido. A cura era fria e firme, sem teatralidade - como quem conserta uma coisa muito cara.

- Nem todos os ecos são do mal - falou Isaque, com o tom de quem conta uma anedota triste - mas a chance de você encontrar um bondoso é tão baixa que só foi visto um no mundo todo.

- Ecos bondosos? - Fevi tentou entender, mas foi interrompido.

- Você não aprende mesmo? Espera eu terminar de falar. - Isaque terminou o curativo e caminhou pela rua, quase admirando o caos distante como se ele fosse um artista vendo sua obra. - Ecos são divididos em 4 tipos: Os mais fracos são chamados de sussurros, eles normalmente andam em grandes grupos e a força deles ainda é comparada a de um humano normal, eles são de classe 1, os de classe 2 são chamados de arautos, eles são ecos com uma consciência parcial, conseguem criar armadilhas e usar as habilidades de essência, mas normalmente as habilidades deles são bem fracas.

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Isaque parou em frente a uma banca de pastéis fumegantes e olhou para Fevi.

- Classe 3 são humanos ou seres vivos corrompidos pela própria essência. Se sua essência não for bem cuidada, ela pode acabar se corrompendo e se tornando algo monstruoso. Os corrompidos mantêm a inteligência, habilidades, e até mesmo a própria aparência. Eu poderia ser um corrompido e você nem saberia. Agora classe 4... Essa classe é tão poderosa, que nunca existiu um único avistamento desses seres no Brasil, eles são chamados de arquessências corrompidas, ou você pode chamar de super corrompidos, esses são humanos corrompidos ou ecos que devoraram muitas pessoas, coisa de 10 milhões, por aí, eles mantém tudo que os corrompidos normais fazem, só que as habilidades deles se estendem até a manipulações da realidade.

- Manipulação da realidade? - Fevi repetiu baixo. - Como se mata uma coisa assim?

- Boa pergunta. - Isaque deu de ombros. - Eu nunca vi um super corrompido de perto. Mas depois dessa, você sente algo diferente?

Fevi sacudiu a cabeça. - Acho que não.

- Nada mesmo? Porque da minha visão, sua essência parece que vai explodir. Melhor tomar cuidado, ou isso vai acontecer de verdade.

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Fevi foi até a loja de salgados ao lado e sentou-se, ainda tonto. Olhou no vidro e, quase sem pensar, estendeu a mão e tocou o reflexo - talvez fosse um gesto idiota, como quem busca confirmação. Foi quando a rua explodiu num assobio: uma ventania nasceu do nada e varreu tudo. Pratos voaram, sacolas rodopiaram, e o dono do bar gritou alto.

Fevi sentiu uma dor lancinante subir pelo braço - como se algo o cortasse por dentro. A mão travou, e ele caiu sobre a mesa, segurando o braço. O mundo girou em vertigem.

- O que tá acontecendo? - gaguejou.

Isaque pulou até ele. Com a mão livre, começou a usar sua essência de cura; com a outra, formou um ponto gravitacional que puxou a ventania e fez seu redemoinho perder força. Fevi urrava de dor; o sangue lhe escorria dos olhos e sua visão tremeu. Uma lembrança horrível, antiga, bateu na mente dele como um soco - depois, tudo foi escuridão.

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Isaque não improvisou: levantou-se carregando Fevi desacordado, flutuando por sobre o tecido urbano. Procurou um lugar seguro até achar um quintal murado onde puderam pousar sem chamar muito atenção. Fevi caiu no chão, franzido, e Isaque murmurou para si mesmo, mais do que para o garoto: - Se você morrer agora, eu volto do outro lado pra te matar de novo.

Sentou-se ao lado dele e voltou a aplicar a essência de cura. Horas passaram. Quando Fevi abriu os olhos, estava mais fraco, mas vivo.

- Por que você não me deixa morrer logo? - perguntou, com a mão no peito, sentindo o coração bater.

- Porque eu não quero. Agora levanta. Estamos em um lugar seguro e vamos ficar aqui até você aprender a controlar sua essência. - Isaque falou firme.

- E como eu faço isso? - Fevi perguntou, cada músculo ardendo.

- A essência é parte da sua alma - respondeu Isaque, sério - se você entender sua alma, pronto: entendeu a essência. Você precisa descobrir quem é.

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Fevi fechou os olhos e tentou concentrar. Algo se formou ao redor dele: uma ventania controlada, menor, como quando se amarra algo com cuidado. Quando abriu os olhos, a ventania sumiu e Isaque sorriu, surpreso e satisfeito.

- Boa. Você tem potencial. Eu demorei um ano pra conseguir o básico da minha essência. Você fez isso em um dia. Acho que é mais do que eu esperava. Agora tenta visualizar sua essência escorrendo pela sua mão.

Fevi assentiu e fechou os olhos outra vez. O vento tornou-se uma luva, tangível e obediente à sua vontade. Aquilo o deixou com uma sensação estranha - uma mistura de controle e medo.

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- Anda. Me ataca e tenta manter esse vento. Vem com tudo. - Isaque desafiou, cruzando os braços.

- Por quê? Você não me explicou nada. - Fevi retrucou.

- Só vai. Se ficar enrolando, eu que vou te atacar. - ordenou Isaque.

Fevi disparou. Seus socos vinham envoltos de correntes de ar, cada impacto intensificando o vento. Isaque desviava brincando, sumindo e reaparecendo como um truque de escola de rua. Num piscar, ele apareceu atrás de Fevi e chutou sua panturrilha.

- Isso é tudo? - provocou Isaque. - Se não me acertar sequer um golpe, a noite vai ser longa e eu vou ficar com fome. Se esforce.

Fevi, irritado, lançou-se com mais vontade. Criou lâminas de vento nas mãos. Isaque sorriu, animado, e interrompeu:

- Só não vai morrer agora.

Então avançou e, num soco preciso, acertou o queixo de Fevi, lançando-o para trás. Antes que pudesse cair, Isaque puxou com a gravidade e encaixou um segundo soco no estômago, tão forte que sacudiu até a calçada.

Fevi vomitou. - Levanta, Fevi. Você ainda não me acertou - disse Isaque, entre o tom de desaprovação e incentivo.

Fevi se levantou, cambaleando, e quando tentou avançar, uma muralha de terra surgiu diante de Isaque, bloqueando o caminho.

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- Que porra é essa? Sua essência não era vento? - Isaque perguntou, surpreso, socando a muralha com mais força do que o necessário, só para mostrar autoridade.

- Aparentemente não é só vento. - Fevi respondeu, com mais confiança agora. Ele ergueu a mão e fez brotar espinhos de terra do lado oposto como defesa.

Isaque destruiu os espinhos com um pulso gravitacional e, com um soco, fez a muralha ruir em pó. Não demorou: Fevi prendeu Isaque numa esfera de terra e puxou. Por um segundo, tentou imitar o golpe que tomara antes. Isaque quebrou a esfera e, ainda envolto pelo vento, acertou um chute lateral que lançou Fevi para trás.

Fevi tomba no chão, respirando com dificuldade.

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- Isaque, existe alguma classificação pra quem usa essências? - Fevi perguntou, ofegante.

Isaque parou, pensou um segundo e respondeu:

- Depende do que você quer dizer com classificação. Tudo que você precisava saber eu já te disse, mas se não me engano, nós somos classificados por categorias, igual aos ecos. A diferença é que nossa posição vem do nível de destruição ou ameaça ao mundo. Por quê?

- Então você é qual rank? - Fevi encarou.

Isaque ficou sério. - Eu sou da classificação 2 de ameaça a uma cidade. Existem 5 categorias: ameaça de bairro, cidade, país, continente e ameaça ao mundo. Já ouvi falar que nasceram pessoas que ficavam numa sexta classificação - ameaça ao sistema solar - mas não acredito muito nisso.

- Se você é da segunda, eu nem devo ter classificação. - Fevi respondeu, desconfiado.

- Nada disso. Esqueceu por que viemos pra cá? Você quase destruiu aquela área com seu vento que virou um mini-furacão. Você no mínimo entra na primeira classificação, mas seu potencial é fácil de alguém da quarta e, se duvidar, até quinta.

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- Mas chega de papo - Isaque se ajeitou, pronto pra voltar a lutar - vem pra cima e não para até me acertar um golpe.

Fevi sorriu, planejando. Avançou sabendo que não podia bater de frente com a velocidade de Isaque. Quando Isaque se aproximou, Fevi ergueu outra muralha com espinhos na frente. Isaque pisou pra trás para evitar.

- Tá tentando me matar? - Isaque bufou.

Fevi já estava atrás dele. O punho cercado de vento subiu. Mas tudo foi interrompido por memórias que apertaram seu peito com a velha sensação de vazio. Fevi travou, e Isaque aproveitou a abertura: um soco limpo no rosto que o atirou ao chão.

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- Por que não atacou? - Isaque perguntou enquanto se aproximava.

Fevi limpou o sangue da boca, com voz baixa e vazia: - Cala a boca.

Ele fechou os olhos, reuniu-se e formou uma pequena esfera de vento concentrado. Atirou-a; Isaque desviou com facilidade. A esfera bateu no chão e explodiu com a força de uma granada.

- Esse é seu truque? - Isaque provocou. - Não vai funcionar.

Fevi sorriu sem sentimento. - Olha pra trás. Aquele não explodiu.

Isaque se virou, tarde demais. Fevi levantou uma onda de terra e voltou a esfera para o adversário. Então correu em linha reta, punhos brilhando com vento e faíscas elétricas que nunca estivera certo onde viera. Acertou um soco certeiro no estômago de Isaque; ele cuspiu sangue. Fevi passou a perna, derrubando-o no chão.

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Fevi ficou de cima, respiração pesada, punhos ainda cercados de vento e raios.

- Eu venci. - falou, quase sem se acreditar.

Isaque sorriu, arqueando uma sobrancelha. - De onde surgiu esse raio?

Fevi ajeitou-se ao lado dele, olhando a lua. - Você perguntou qual era minha essência. Agora eu sei.

- E qual é? - Isaque perguntou curioso.

- Minha essência é conseguir te quebrar na porrada. É isso que eu vou fazer. - disse Fevi, com um riso fraco.

Isaque riu alto. - Essa é sua essência? Não me faz rir, cara. Meu estômago ainda tá todo lascado daquele soco. - deu um tapa no ombro de Fevi.

- Só o seu? Seu lixo, você quase me matou. - Fevi respondeu, empurrando o tapinha com ironia. Eles riram juntos, mas havia algo não resolvido entre as gargalhadas: o vazio de Fevi não sumira de verdade.

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Depois de um tempo, Isaque se levantou e sinalizou. - Acho que você tá pronto pra conhecer ele.

- Quem? - Fevi perguntou.

Isaque não respondeu em palavras. Com um gesto, afinou a gravidade sob os pés deles e os dois subiram, levitando sobre telhados e fios elétricos. Pousaram suavemente alguns quarteirões adiante, num lugar que Fevi não reconhecia.

- Antes de irmos, quero ver como você se sai contra um sussurro agora. - disse Isaque, sério.

- Sério? Por que agora? - Fevi resmungou.

- Porque eu quero. Agora faz silêncio e procura um eco. Se vira, não vou ajudar dessa vez. - Isaque cruzou os braços e olhou pro horizonte.

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Fevi subiu um morro para ter visão melhor. Sentou-se num coroamento de concreto e começou a vasculhar o bairro com os olhos, atento. Não viu nada, só o zumbido da cidade. Ao descer, cruzou com um homem de uma facção qualquer - tatuagens, olhar perigoso, arma feita de promessas quebradas.

- Ô moleque, tá fazendo o que aqui, porra? - o homem rosna.

Fevi respirou fundo. O fuzil apontado nele parecia responder por toda a descarga de hostilidade do lugar.

- Eu... - Fevi gaguejou - vim procurar o meu pipa que caiu.

- Mentira, não caiu pipa aqui. Acha que eu não ia ver? Tô de olho em tudo. - O homem empurrou o cano contra a cabeça de Fevi.

Algo gelou Fevi de volta ao concreto. O instinto falou: ele segurou o cano do fuzil, apertou com força. O metal entortou com o esforço, o homem puxou, mas Fevi não soltou. Num ímpeto, jogou-o para trás, virou de costas e desceu o morro.

- Já tô indo. - murmurou, sem olhar pra trás.

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Sem saber por onde seguir, Fevi lembrou da conversa com Isaque: "acidentes inexplicáveis". Foi até o bar da esquina e pediu pro dono colocar uma notícia na TV.

- Espera o jogo acabar e eu boto. Mas, ó, ontem ali naquela esquina teve um incêndio - o dono falou sem cerimônia - só que quando o Corpo de Bombeiros chegou não tinha fogo nenhum. Cinco pessoas desapareceram.

Fevi ergueu a sobrancelha, sentiu o sangue gelar. - Valeu. - saiu correndo e foi até o local da "incidência".

Ao chegar, não havia nenhum sinal de incêndio. O chão parecia normal, só poeira e cheiro de fumaça antiga. Quanto mais se aproximava do centro, mais vozes parecia ouvir - vozes agonizantes, sussurros que se dissolviam no ar.

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Fevi começou a vasculhar, passando por bancos e carros, procurando algo que fosse além do normal. Quando menos esperava, a pele da nuca arrepia e ele se vira: um eco - mas diferente. Inteligente. Observador.

- Você não é um sussurro... - Fevi murmurou. Levantou o punho, mas o ataque virou contra ele: o eco se multiplicou em clones. Fevi golpeou o primeiro e, para seu horror, o impacto não passava de um clone. De cima, Isaque chamou:

- Fevi, isso não é um sussurro, ele é um arauto. Dá conta?

- O que você tá fazendo aqui, Isaque? - Fevi praguejou.

- Não disse que queria ver como você se sairia contra um eco? - respondeu ele, como se estivesse apenas visitando.

Fevi suspirou, respirou e girou pelo ar, encaixando um chute de vento que fez o eco recuar.

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Quando o eco se levantou, empurrou Fevi - que caiu direto num conjunto de lâminas projetadas por um clone atrás dele. Fevi sentiu carne sendo furada, gritou de dor. Com um sopro de vento, afastou-se e tentou reagir. A chuva começou sem aviso, borrando a cena em gotas frias.

O eco dividiu-se em dez cópias e avançou. Fevi esperou, calculou, e então canalizou eletricidade no solo com um raio mais intenso do que antes - a descarga anulou os clones, reduzindo-os a pó.

Isaque desceu calmamente e sorriu. - Boa. Agora sim. Vamos.

- Pra onde? - Fevi perguntou, ainda se curando.

- Vou te apresentar a um amigo. - Isaque respondeu, com um brilho meio divertido.

Fevi não teve resposta pronta. A chuva lavou o local e a lua voltou a aparecer por entre nuvens rachadas. Em seu peito, algo pulsava diferente: medo, poder, e a promessa de que nada mais seria igual.

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