Capítulo 4: O Branco e o Negro do Abismo
O silêncio da viela era sufocante. O homem de olhos vermelhos erguia a mão, e atrás dele o abismo negro se abria como se fosse engolir o próprio mundo.
Ayane estava pronta para lutar, mesmo sabendo que suas chances eram mínimas.
Akira tremia, com as pernas travadas.
"Se ele usar aquele poder contra mim… eu vi o que fez com o monstro… eu vou sumir da existência em um segundo."
O homem estendeu o braço na direção de Akira.
— Mostre o que o seu Ketsu pode fazer.
Ayane gritou:
— NÃO!
Mas antes que o ataque fosse lançado, uma voz feminina ecoou pelo beco, suave mas firme como uma lâmina:
— Basta, Kuro.
Aparição inesperada
Do alto de um prédio surgiu uma mulher alta, vestindo roupas brancas ornamentadas, como se fosse parte de uma ordem antiga. Seus cabelos longos e prateados refletiam a luz da lua, e seus olhos eram tão intensos que até Ayane sentiu um arrepio.
O homem de preto franziu o cenho.
— …Shiro.
Akira piscou várias vezes.
— Espera… esse cara é "Kuro"… e ela é "Shiro"? Isso tá parecendo nome de time de tabuleiro de Go!
Ayane o silenciou com um olhar mortal.
A mulher pousou suavemente no chão, o ar ao redor dela vibrando como se rejeitasse as trevas.
— Você recebeu ordens, Kuro. Não deve interferir com este garoto.
O homem cerrou os punhos.
— Ele despertou. É perigoso demais deixá-lo solto.
Shiro ergueu a mão. Atrás dela, abriu-se um véu branco, como um abismo de pura luz. Diferente da escuridão sufocante de Kuro, a presença dela trazia clareza… e ao mesmo tempo, um terror indescritível.
— Shin’en no Shiro. — murmurou Ayane, assustada.
Branco contra Negro
Kuro rangeu os dentes.
— Não pense que pode me controlar para sempre.
Ele liberou o Shin’en no Kuro, e o abismo negro avançou como uma onda viva. Shiro respondeu com o Shin’en no Shiro, e o abismo branco se abriu diante dela.
As duas forças colidiram no ar, luz e escuridão girando em espirais, distorcendo a realidade ao redor. O chão rachava, as paredes tremiam, e Akira caiu de joelhos, sentindo como se seu corpo fosse esmagado só pela pressão.
— Isso… isso é ridículo! — gritou Akira. — Eles vão destruir a cidade inteira!
Ayane puxou Akira para trás, protegendo-o com a espada envolta em Ketsu.
— Não ouse se mexer. O choque entre os dois pode te partir ao meio.
Kuro resistia ao brilho da luz, mas Shiro deu apenas um passo à frente. Sua voz cortou o ar como um decreto divino:
— Você vai se retirar, Kuro.
O presságio
Por alguns segundos, parecia que ele iria desobedecer. Mas então, lentamente, Kuro recolheu o abismo negro. Seus olhos vermelhos ardiam de raiva.
— Um dia, Shiro, você não vai conseguir me deter. E quando esse dia chegar, este mundo conhecerá o verdadeiro abismo.
Ele lançou um último olhar para Akira, que gelou dos pés à cabeça.
— Garoto… quando o véu se rasgar, você terá que escolher um lado.
Em seguida, as sombras se ergueram ao redor de Kuro, envolvendo-o completamente até que desapareceu como se nunca tivesse estado ali.
Shiro também recolheu sua luz, voltando-se para Ayane e Akira.
— Vocês devem se preparar. Algo muito maior do que Youma está para despertar.
E sem dizer mais nada, desapareceu na noite, deixando apenas o vento frio e o silêncio pesado no beco.
O peso da revelação
Akira caiu sentado no chão, sem fôlego.
— Eu… eu só queria viver uma vida normal… Como eu vou dormir depois disso?!
Ayane guardou a espada, olhando para o céu noturno.
— Shin’en no Kuro… Shin’en no Shiro… se eles estão se movendo, então… o equilíbrio está prestes a quebrar.
Ela se virou para Akira, o olhar sério.
— E você, Tanaka… está no meio desse caos.
Akira levou as mãos ao rosto, desesperado.
— …Eu odeio a minha vida.