Azul Leste
O pequeno barco tocou suavemente a areia ao longo da costa de Shells Town. O sol brilhava intensamente, refletindo nas águas do porto, e o som das ondas quebrando na praia se misturava aos murmúrios distantes dos aldeões. Luffy, cheio de energia, olhou para Zac e Coby com olhos brilhantes:
"Ei, Zac!", ele começou, inclinando-se ligeiramente para a frente. "Eu tenho um plano! Quero convidar um cara para se juntar à minha tripulação pirata!"
Zac ergueu uma sobrancelha, surpreso. "Tripulação pirata?", pensou rapidamente. Percebeu que o termo "Chapéu de Palha" ainda não havia sido usado e pôde testemunhar a formação do grupo em primeira mão.
"Ah, é? Quem é o sortudo?", perguntou Zac, sorrindo levemente.
"Zoro!", exclamou Luffy, animado. "Ele é um espadachim incrível, mas está preso! Quero tirá-lo de lá e colocá-lo na minha tripulação!"
Luffy batia no peito com entusiasmo, todo o seu corpo vibrando de energia. Zac sentiu o coração disparar; aquele era exatamente o tipo de momento que ele esperava — o início da construção de alianças que moldariam a história de Luffy.
"E você vem com a gente, Zac!", continuou Luffy, aproximando-se ainda mais com olhos ansiosos. "O que me diz? Vamos resgatar o Zoro e formar uma equipe incrível!"
Zac fingiu pensar por um momento, encostado na borda do barco e olhando para o horizonte, o vento soprando em seus cabelos loiros. Então, falou sério, mas com um tom brincalhão:
"Eu posso aceitar... mas somente se eu for o vice-capitão."
O sorriso largo de Luffy se abriu ainda mais quando ele soltou sua risada característica: "Hahaha! Combinado! Vice-capitão então!"
Num acesso de excitação, ele pulou no barco, agitando os braços no ar: "Ahahaha! Então temos nosso primeiro membro da tripulação!"
Coby olhou para Zac, com os olhos arregalados e nervosos, enquanto os aldeões sussurravam alarmados ao redor. Zac apenas sorriu, mantendo a calma, mas por dentro sentia a emoção: finalmente fazia parte dos eventos centrais que moldariam a história.
Enquanto comemoravam, Helmeppo, filho do Capitão Morgan, aproximou-se novamente, batendo com o bastão no chão: "Não vou deixar vocês passarem! Não sem a permissão do meu pai, o grande Capitão Morgan!"
Zac avaliou rapidamente a situação. Helmeppo queria impor sua autoridade, mas qualquer confronto direto com Luffy poderia causar caos público. Com um gesto sutil, ele sinalizou para Luffy e Coby se afastarem da multidão e do garoto arrogante.
"Luffy... Coby...", Zac murmurou baixinho. "Vamos nos mexer um pouco. Vamos encontrar um lugar para comer, um lugar calmo, longe da atenção de Helmeppo. Aí podemos planejar nosso próximo passo."
Luffy, que instintivamente se dirigia a Helmeppo, piscou e sorriu confiante: "Hahaha! Comida! Boa ideia, Zac! Vamos!"
O trio caminhou pelas ruas da vila, desviando-se de moradores assustados e de pequenas barracas de mercado. Zac observava cada movimento, avaliando o comportamento dos moradores e a possível presença de fuzileiros navais.
Enquanto caminhavam, Zac continuou a observar Luffy com interesse. Ele sabia que a maneira como Luffy falava sobre Zoro e sua "tripulação pirata" era mais do que entusiasmo: havia uma convicção inabalável, uma força que poderia inspirar qualquer um ao seu redor.
"Sabe, Zac...", Luffy começou, sorrindo. "O Zoro vai ser incrível na nossa tripulação. Dois membros na mesma ilha... já é um bom começo."
Zac assentiu pensativo. "E você está confiante de que ele vai aceitar?", perguntou ele, mantendo o tom casual.
Luffy sorriu ainda mais, balançando a cabeça com convicção. "Claro! Ele é forte, mas luta com honra. Ele vai querer se juntar a nós."
Zac sorriu interiormente, satisfeito. Ele sentia que Luffy já moldava a dinâmica da futura tripulação e sabia que sua presença seria fundamental para proteger e guiar o momento.
À medida que avançavam, o cheiro de comida fresca chegou aos seus narizes: pão quente, peixe grelhado e especiarias no ar. Zac apontou para uma pequena taverna perto da rua:
"Que tal fazermos uma pausa aqui? Comer alguma coisa e descansar um pouco antes de ir para a base da Marinha?", sugeriu Zac. "Assim, podemos pensar com mais cuidado em resgatar o Zoro sem atrair atenção desnecessária."
Os olhos de Luffy se arregalaram de excitação: "Hahaha! Ótima ideia! Comer antes de lutar é muito importante!"
O trio percorreu as ruas estreitas de Shells Town, evitando barracas e moradores curiosos. Zac permaneceu alerta, observando cada movimento ao redor, enquanto Luffy falava animadamente sobre Zoro e os planos para a formação do grupo. Coby, ainda nervoso, permaneceu por perto, sempre atento a qualquer sinal de perigo.
Quando eles passaram por um beco lateral, Zac parou abruptamente e agarrou Luffy pelo braço.
"Espere um segundo", disse ele, com os olhos fixos além das paredes da Marinha. "Olhe ali!"
Na muralha da base da Marinha, uma garotinha carregava um bolo de arroz, subindo cuidadosamente em uma escada encostada na muralha do forte. Cada passo parecia calculado, mas seu corpo tremia de tensão. Ela olhava para cima, medindo cada movimento, agarrando o bolo como se fosse precioso demais para ser deixado cair.
"Ela está tentando atravessar o muro sozinha", sussurrou Zac, inclinando-se na direção de Luffy e Coby. "Precisamos ficar de olho, mas não a assuste."
O trio parou por alguns segundos, respirando fundo, preparando-se mentalmente para o próximo passo: entrar na base da Marinha para resgatar Zoro. Zac se inclinou em direção a Luffy, falando em voz baixa:
"Luffy, precisamos planejar como vamos entrar. Observe os guardas, a movimentação..."
Mas quando olhou para o lado, Zac notou algo estranho: Luffy não estava mais ao seu lado. Em vez disso, pendurado habilmente na parede da base, com o chapéu de palha firmemente sobre os olhos, ele observava o outro lado com a confiança que só ele poderia ter.
"Hahaha!", Zac murmurou para si mesmo, com um pequeno sorriso no rosto. "Esse cara realmente não faz nada do jeito normal."
Do outro lado do muro, a garotinha que Zac estava observando segurava o bolo de arroz com força, aproximando-se de Zoro, que estava amarrado e visivelmente cansado, mas ainda alerta.
"Ei…" a garota começou, oferecendo o bolo cuidadosamente. "Aqui, para você…"
Zoro franziu a testa, tentando afastá-la com palavras: "Não precisa, vá embora... Eu sei me virar."
Antes que a situação se acalmasse, Helmeppo apareceu de repente, arrogante, batendo o bastão no chão.
"Ei, o que está acontecendo aqui?" ele perguntou, olhando para o bolo e para a garota com desdém.
Sem hesitar, Helmeppo arrancou o bolo das mãos da moça e o colocou na boca. Mastigou exageradamente, fez uma careta horrível e, por fim, cuspiu-o, pisando nele repetidamente:
"Que gosto horrível! Açúcar?! Você não entende nada de culinária! Bolinhos de arroz deveriam ser salgados!", gritou ele, encarando a garota.
"Foi o bolo que fiz para o meu irmão", soluçou a menina.
Helmeppo chamou um marinheiro próximo, claramente cauteloso com a fúria do garoto, e deu uma ordem direta: "Peguem a garota e joguem-na por cima do muro!"
O marinheiro hesitou, mas obedeceu, levantando a garota cuidadosamente e dizendo: "Sinto muito", antes de jogá-la por cima do muro. Antes que ela pudesse alcançar o chão, um braço se estendeu mais longe do que qualquer pessoa normal conseguiria, segurando-a com firmeza. Era Luffy, pendurado do outro lado do muro, sorrindo calmamente enquanto a garota era salva.
"Está tudo bem!", disse Luffy, acalmando-a. "Não se preocupe!"
Helmeppo olhou para Zoro com deboche, mantendo o ar de superioridade: "E você vai passar alguns dias com fome, espadachim. É melhor se acostumar...", riu, saindo, claramente gostando da situação.
Zoro franziu a testa, firme e confiante: "Isso não é nada. Vou superar isso facilmente."
Helmeppo soltou uma risada alta e zombeteira antes de ir embora, desaparecendo em direção aos outros fuzileiros, deixando Zoro, Luffy, Zac e a garotinha em segurança com o bolo de arroz do outro lado do muro.
Luffy, agora do mesmo lado que Zoro, sorriu com aquele brilho travesso nos olhos e disse animadamente: "Ei, eu sou Monkey D. Luffy! Quer que eu te desamarre?"
Zoro, sem sequer desviar o olhar do horizonte, respondeu firmemente: "Vá embora."
Luffy piscou, surpreso, mas riu rapidamente, como se esperasse a resistência do espadachim. Recuou, observando Zoro atentamente, pronto para reagir a qualquer ameaça, mantendo a calma e a despreocupação de sempre.
Zac, por sua vez, permaneceu alerta, observando cada movimento, avaliando guardas, entradas e possíveis rotas de fuga. Ele sabia que aquele era um momento crucial para entender a dinâmica entre Luffy e Zoro e antecipar os próximos passos para suas próprias ações.
Quando a tensão diminuiu um pouco, Zac fez um sinal por cima do muro para Luffy: "Vamos aproveitar este momento. Precisamos nos reagrupar e encontrar um lugar seguro para descansar e planejar nosso próximo movimento." Ele olhou para Luffy e Coby, que assentiram, ainda absorvendo a adrenalina do resgate improvisado da garotinha.
O trio decidiu ir à taverna da mãe da menina que no caminho descobriram se chamar Rika, um lugar conhecido entre os moradores como acolhedor e tranquilo, perfeito para observar sem atrair a atenção dos fuzileiros. Caminhar pelas ruas estreitas permitiu que Zac, Luffy e Coby analisassem a movimentação dos soldados e moradores, ajustando o ritmo para evitar atenção indesejada.
Ao chegarem à taverna, o cheiro de comida fresca invadiu seus sentidos: pão quentinho, peixe grelhado e o aroma de temperos caseiros. A mãe da menina recebeu a todos com um sorriso, aliviada por ver a filha em segurança. A menina correu para dentro, agarrando o bolo de arroz que Luffy segurava, visivelmente feliz por estar protegida.
Zac respirou fundo, aproveitando o momento de calma e mantendo-se alerta. Ele sabia que Shells Town ainda continha perigos e oportunidades, e cada movimento precisava ser calculado para o sucesso do resgate de Zoro e da formação da futura tripulação.
Enquanto a garota se acomodava e Luffy conversava animadamente com a mãe sobre as aventuras que a esperavam, Zac olhava o horizonte pela janela da taverna. A brisa do mar soprava suavemente, trazendo consigo o aroma salgado e lembrando-o de que cada decisão ali seria um passo em direção à liberdade que ele desejava, à aventura que ele já sentia pulsar e ao futuro que ele sabia que poderia ajudar a moldar.
Pensando no que aconteceria em seguida, Zac sorriu e murmurou para si mesmo: "Aquele idiota sem senso de direção não tem ideia do que vai acontecer nas próximas horas."