Num final de tarde, por volta das 16:00, Ren volta apressado na sua bicicleta, nada importava para ele nesse momento, tudo o que ele quer é chegar em casa, antes que a sua avó chegue do trabalho.
Sempre que ele chega tarde a sua avó fica muito brava, mas principalmente preocupada.
Claro que Ren não faz isso de propósito, mas ele não poderia dizer que está trabalhando num emprego de meio período.
Afinal, conhecendo a sua avó, ela o mandaria largar o emprego na mesma hora.
Mas tudo o que ele quer é ajudar a sua avó.
" Se eu pegar o atalho perto da padaria."
" Eu com certeza vou chegar 20 minutos mais cedo."
Ren continuou pedalando o mais rápido que conseguia, mas há pouco menos de 4 metros para o atalho, Ren ficou cara a cara com uma senhora que havia acabado de sair da padaria.
Com a velocidade em que ele estava seria difícil parar, até porque a bicicleta estava sem freios.
Num movimento rápido, Ren se inclinou, e conseguiu passar raspando pela senhora, que assustada acabou derrubando suas compras.
Quando ele estava quase entrando no atalho, ele olhou para trás, e viu o estrago que fez.
O sentimento de culpa o fez voltar imediatamente.
" Desculpa senhora! A culpa é toda minha ."
" A senhora machucou-se!?".
ele preocupado, perguntou, enquanto a senhora estava abaixada recolhendo o que sobrou das compras.
" Não se preocupe jovenzinho, eu estou bem."
" Deixa que eu ajudo a senhora com isso."
Rapidamente Ren começou a recolher todos os pães e doces que ainda poderiam ser comidos.
Enquanto Ren estava distraído, recolhendo os pães, com um olhar maligno, a velha senhora retirou da enorme bolsa que segurava, um velho vaso e colocou na cesta da bicicleta.
Após ajudar a senhora, ele despede-se rapidamente e vai embora. Mesmo com esse acontecimento inesperado. Ele conseguiu chegar antes que a sua avó voltasse do trabalho.
Guardando a bicicleta na garagem, e correndo direto para o banheiro para tomar um banho ele é parado por Suzuki, a velha gata da família, com vários miados repetitivos pedindo por comida.
Após colocar comida e tomar o seu banho, Ren se depara com Suzuki em frente a porta da garagem, miando intensamente, seguidos de vários rosnados em direção à porta da garagem.
Indo investigar nada parecia fora do comum, as pilhas de caixas estavam no lugar, a prateleira com as ferramentas também, e logo ao lado encostada na parede, sua bicicleta.
Suzuki olhou em direção à bicicleta, parou de miar, e rosnou alto como se a sua vida dependesse disso.
Ren finalmente foi até a bicicleta, e ao olhar na cesta, se deparou com vaso.
Um vaso num estilo simples, com uma coloração esverdeada, com duas alças, mas o que mais chamava atenção era o desenho do que pareciam ser olhos e uma boca fechada.
Com um texto escrito na parte interna.
"Apenas os mortos conhecem o final de uma guerra".
Após ler esse texto quase que inconscientemente.
Uma voz estridente saiu do vaso, que estava agora com os olhos e boca abertos, gritando.
"Parabéns você é digno."
Assustado e em choque, Ren não conseguia se mexer, um arrepio percorria todo o seu corpo. Toda aquela situação era louca demais para ser real.
Em meio aquela situação bizarra, a voz da sua avó o chamando, conseguiu tirar ele daquele transe.
" Ren! Venha me ajudar com as compras!".
Neste curto momento Ren desviou o olhar em direção a voz da sua avó, e o seu corpo relaxou, e sem querer o vaso escorregou das suas mãos.
Ao olhar onde o vaso teria caído bem na sua frente. Não tinha nenhum sinal, ou qualquer vestígio do mesmo, como se tivesse desaparecido.
Ignorando toda essa situação, Ren correu para ajudar a sua avó. Depois de guardar as compras, ela começou a preparar o jantar.
Enquanto isso, Ren subiu para o seu quarto, sentindo um peso enorme sobre todo o seu corpo, a sua vista ficou turva, e uma forte dor de cabeça fez com que ele caísse de joelhos.
"O que está acontecendo comigo?"
Ren perguntou, mas lá no fundo, ele sabia que isso era por causa daquele vaso estranho.
Até que a dor desapareceu, quase que instantaneamente, Ren sentiu o seu corpo mais leve, e agora envolvido por uma aura, num tom azul.
Correntes saíram dos seus braços, com movimentos descontrolados, se balançavam e agitaram-se, derrubando os seus livros da estante.
"Ren que bagunça é essa aí em cima?"
"Você está bem!?"
"Não é nada de mais Vovó!"
Ren não conseguia se levantar, e aquelas correntes no seu braço estavam fora de controle.