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Chapter 35 - Capítulo 33 – O Peso de Lyra

O céu sobre Marineford estava em guerra.

Nuvens negras se acumulavam como muralhas vivas, e relâmpagos cortavam o firmamento com fúria contida. O mar, antes calmo, agora se agitava com ondas que pareciam responder ao caos que se desenrolava na costa. A baía estava tomada por navios de guerra, e o som dos canhões ecoava como tambores de um funeral anunciado.

No centro de tudo, o cadafalso. E nele, Portgas D. Ace, acorrentado, com os olhos voltados para o horizonte — não em busca de salvação, mas de significado.

Foi nesse cenário que o navio Xeeksot cruzou a última linha do mar.

E entre os primeiros a pisar no campo de batalha, estava Lyra.

Ela desceu do navio com passos firmes, o rifle apoiado no ombro, os olhos ocultos sob a aba do chapéu. O vento soprava contra seu casaco longo, fazendo-o ondular como uma bandeira silenciosa. Ao redor, o caos já havia começado: soldados da Marinha corriam em formação, os Shichibukai se posicionavam, e os aliados de Barba Branca emergiam das profundezas do mar.

Mas Lyra não correu. Ela caminhou.

Cada passo era medido. Cada respiração, controlada. Ela não estava ali para lutar. Estava ali para pesar.

Lyra era uma atiradora de elite. Mas mais do que isso, era uma observadora. Ela não puxava o gatilho por impulso. Ela esperava. Ela lia o campo como um livro aberto, buscando as entrelinhas, os padrões, os erros.

Subiu em uma torre parcialmente destruída, posicionando-se com vista para o cadafalso. Ali, montou seu rifle com calma. Fixou o tripé. Ajustou a mira. E então, esperou.

A guerra rugia abaixo dela, mas Lyra era uma ilha de silêncio.

Ela não mirava em Ace. Nem em Luffy. Nem em Barba Branca.

Ela mirava nos olhos dos que observavam. Nos oficiais que davam ordens. Nos estrategistas escondidos atrás das muralhas.

Ela sabia que o verdadeiro poder não estava nas espadas. Estava nos olhos que decidiam onde as espadas cairiam.

E foi assim que avistou o primeiro.

Um vice-almirante, escondido em uma torre de comando, transmitindo ordens por den den mushi. Lyra ajustou a mira. Respirou fundo. E disparou.

O som foi abafado pelo trovão. Mas o impacto foi claro. O oficial caiu, e a torre silenciou.

O Peso da Escolha

Ela não comemorou. Apenas recarregou.

A guerra não era um jogo. Era uma balança. E ela era o contrapeso.

Enquanto os outros lutavam com gritos e explosões, Lyra lutava com silêncio e precisão. Ela não precisava ser vista. Precisava ser sentida.

E ela era.

Em um momento de pausa, Lyra avistou uma figura se aproximando com graça letal. Boa Hancock, a imperatriz pirata, caminhava entre os escombros como se o campo de batalha fosse uma passarela.

Elas se encararam por um instante.

Hancock sorriu. "Você não é como os outros."

Lyra respondeu com frieza. "Nem você."

Por um momento, o tempo pareceu parar. Duas mulheres, duas forças, dois pesos diferentes.

Mas Hancock seguiu adiante. E Lyra voltou à mira.

Enquanto observava o campo, flashes de memória surgiam.

A infância em uma ilha esquecida. O treinamento com o pai, um caçador silencioso. A primeira vez que segurou um rifle. A primeira vez que hesitou. A última vez que hesitou.

Ela havia aprendido que hesitar custava caro. E em Marineford, o preço era a história.

Um grito cortou o ar. Era Luffy, avançando em direção ao cadafalso. Soldados tentavam detê-lo, mas ele seguia.

Lyra o acompanhou com a mira. Não para atirar. Mas para proteger.

Ela viu um atirador da Marinha se posicionando em um telhado. Mirando em Luffy.

Lyra não pensou. Disparou.

O soldado caiu antes que pudesse puxar o gatilho.

Luffy passou ileso. E Lyra, invisível, seguiu pesando.

Horas se passaram. O rifle esquentava. Os olhos ardiam. Mas ela não parava.

Cada disparo era uma decisão. Cada alvo, uma escolha.

Ela não sabia se venceriam. Mas sabia que, se caíssem, cairiam pesando.

Quando o sol começou a se esconder atrás da fumaça, Lyra desceu da torre. O campo ainda rugia. Mas ela havia feito sua parte.

Ela não era uma heroína. Era uma sombra. Uma linha entre o caos e o colapso.

E naquele dia, Marineford sentiu o peso de Lyra.

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