O mar não se movia. Não por falta de vento, mas por respeito.
Após a destruição de Green Bit, o navio Xeeksot navegava em silêncio. O oceano parecia hesitar em tocar a embarcação, como se temesse o que ela carregava. O céu, ainda cinzento, se mantinha suspenso, como se aguardasse o próximo passo.
No alto do mastro, o brasão da tripulação Xeeksot reluzia: um dragão dourado em forma de círculo, mordendo a própria cauda — o Ouroboros — atravessado por um machado flamejante, envolto por uma corrente quebrada. Um símbolo de ciclo, destruição e libertação. Um aviso ao mundo: o peso havia despertado.
Silêncio e Reflexão
A tripulação estava dispersa pelo convés, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
Lyra limpava seu rifle com precisão ritualística. Killer afiava suas lâminas em silêncio, o som metálico ecoando como um mantra. Seraphine pairava acima do navio, as asas recolhidas, olhos fechados, sentindo o ar. Kid estava encostado no mastro, envolto em faíscas magnéticas, com um sorriso que não era de alegria. Law permanecia na popa, a Kikoku repousando sobre os ombros, o olhar distante. Bepo, ferido, dormia com respiração pesada, envolto em bandagens.
E Kaien, na proa, permanecia imóvel. O Solar Axe cravado ao seu lado, como uma extensão de sua alma.
A Onda Trinta
Kaien sentia. Não pensava. Sentia.
Dentro dele, o Pulso Pulsante do Mundo vibrava com intensidade crescente. Antes, ele havia fundido sete ondas. Agora, ele compreendia trinta.
Não era apenas técnica. Era instinto. Cada onda era uma batida. Cada batida, uma memória. Cada memória, uma razão para continuar.
Ele ergueu o Solar Axe. Seu Haki de Armamento (Ryuo) fluía como um rio invisível. O Haki do Conquistador, antes explosivo, agora era líquido — uma vontade que escorria pelo metal.
Kaien girou o machado e o lançou ao mar.
O impacto foi brutal.
O machado caiu como um meteoro. E quando tocou a superfície, o peso, as trinta ondas fundidas, e o Haki fluido colapsaram juntos.
O mar se dividiu.
Uma cratera líquida se abriu, como se o oceano tivesse sido golpeado por um deus. A água foi empurrada para os céus. O som ecoou como um trovão distante. Peixes foram lançados ao ar. O navio balançou. A tripulação correu para o convés.
Kaien observava o horizonte. “Não é o impacto galáctico de Garp… Mas é o suficiente para que o mundo escute.”
Horas depois, o arquipélago de Sabaody surgiu no horizonte. As bolhas gigantescas flutuavam entre as árvores, refletindo o céu em tons de azul e prata. O ar vibrava com energia. Sabaody era um lugar de encontros, de caos, de transição. E agora, era também um lugar de atenção.
A tripulação atracou em silêncio. Lyra foi a primeira a descer, os olhos atentos. Killer caminhava com as lâminas recolhidas, mas prontas. Seraphine voava acima, observando os telhados. Kid sorria, como se esperasse uma briga. Law mantinha a mão na Kikoku. Kaien desceu por último, o Solar Axe nas costas, o olhar pesado.
Eles não estavam ali para se esconder. Estavam ali para pesar o mundo.
Em cada parede, em cada praça, os cartazes da tripulação Xeeksot estavam expostos. Crianças apontavam. Caçadores de recompensa se escondiam. Agentes do Governo observavam.
Kaien caminhava entre as bolhas, sentindo o peso da atenção. “Eles não olham para mim. Eles olham para o número.”
Lyra murmurou: “E o número não é o que pesa.”
Jewelry Bonney observava de uma varanda, comendo frutas. “Eles chegaram. E o ar mudou.”
Urouge, sentado em meditação, abriu os olhos. “O peso deles afeta até o céu.”
Apoo, transmitindo ao vivo, comentava: “Kaien em Sabaody. Isso é história.”
Drake, em silêncio, observava os movimentos. Hawkins jogava cartas. Todas mostravam tempestade.
Em um dos manguezais, um agente do CP0 observava a tripulação com binóculos. Ele não falava. Ele registrava.
“Kaien. Trinta ondas fundidas. Haki fluido. Divisão do mar. Nível de ameaça: em ascensão.”
Ele fechou o caderno. E desapareceu entre as bolhas.
O mundo estava em movimento. Marineford se tornava o epicentro da guerra. Os imperadores observavam. Os supernovas se reuniam. O Governo se preparava. E Kaien… pesava o próximo passo.
