Na noite mais escura de todas, nenhuma luz é vista em uma aldeia perto do sopé da montanha; nenhum som pode ser ouvido, exceto pelos passos que ocorrem cada vez que um guarda passa de um lado para o outro.
Um vulto negro foi visto atravessando o braço e o estômago de um dos guardas; antes que ele pudesse reagir, jazia morto no chão. Os outros guardas não perceberam nada naquele momento; somente mais tarde, pela manhã, deram conta de que um dos guardas havia sido morto e seu corpo havia desaparecido, restando apenas uma poça de sangue no local.
Em uma caverna distante da vila, um demônio foi visto mastigando uma mão, a mão do guarda morto anteriormente. Passos foram ouvidos na entrada da caverna. O oni olhou rapidamente, reconhecendo caçadores de oni, e viu um humano sem espada nas mãos.
— (Um ser humano normal? Não, tem algo estranho. Nenhum ser humano entra numa caverna e vê alguém comendo outro ser humano sem reagir.)
— "O que você é? Você não parece um Caçador de Demônios, mas ao mesmo tempo não parece um civil comum."
O jovem humano encarava o vazio com um olhar vago. O demônio não conseguia identificar o que era, como se pudesse ver algo que ele próprio não conseguia, o que era verdade. Um pergaminho flutuante surgiu diante dos olhos do humano, com aparência desgastada, como um pergaminho antigo após muito tempo de uso.
Aproveitando o momento de distração do humano, o Oni avançou em sua direção, utilizando uma espécie de Kekkijutsu (Arte Demoníaca de Sangue), com seus membros se transformando em molas enquanto se impulsionava pelas paredes da caverna, como uma bola de borracha.
Avançando contra o lado direito do humano enquanto deslizava para trás, ele perfurou o peito do demônio com o braço, usando o que parecia ser um Kekkei Jutsu anormal. Os pelos do seu braço começaram a girar, transformando o torso do demônio em uma poça de sangue.
- "Técnica de Extensão - Cabelo Giratório."
O demônio tentava acertar a cabeça enquanto estava preso, mas teve o pescoço decepado pelos cabelos do homem, que giravam como uma espada, perdendo assim a cabeça.
(Parece que ainda preciso praticar; na primeira tentativa, mirei na cabeça.)
Os cabelos do homem pararam de se mover quando os restos mortais do demônio começaram a se desfazer em pó, comprovando sua morte. O caçador rapidamente informou seu corvo, que então voou para a cidade mais próxima para relatar a conclusão da missão.
(Está quase na hora de trocar de corpo novamente; este corpo já tem 24 anos, parece não ter o potencial para despertar a marca, tornou-se cada vez mais raro desde que aquele homem morreu anos atrás.)
O humano então voltou a examinar o pergaminho antigo.
[Técnicas Amaldiçoadas Inatas - Transplante, Cabeça de Helicóptero, Punhos de Míssil]
[Técnicas de Barreira - Cortina, Barreiras Vazias, Barreiras Puras.]
[Técnicas Anti-Domínio - Domínio Simples - Novo Estilo Sombra.]
O Humano logo deixou o local após o retorno de seu corvo, seguindo-o até uma casa distante. A casa parecia antiga, como se tivesse parado no tempo, uma casa no meio da floresta, e todas as plantações ao redor pareciam mortas, como se ninguém as tivesse tocado por anos, o que era verdade.
Ele entrou na casa enquanto seu corvo ficou do lado de fora, depois voou para longe, enquanto o jovem adulto procurava por algo, encontrando rapidamente uma alavanca que abria uma passagem para um andar secreto.
(Isso me traz lembranças de anos atrás, quando aqueles barcos paravam nos cais. Tínhamos muito trabalho para impedir que qualquer oni embarcasse e espalhasse o sangue daquela criatura para fora do Japão.)
Ele logo chegou a um cadáver, visivelmente em decomposição, com uma mancha verde na barriga.
(Decompõe-se rapidamente, talvez devido ao ambiente úmido, não importa, eu simplesmente o curarei com energia amaldiçoada reversa, e sempre posso remover os órgãos e recriá-los.)
Enquanto pensava nisso, começou a separar a cabeça do corpo, fazendo um corte rápido e preciso, depois removeu a parte superior da cabeça, cortando o único fio que as conectava, e assim, num movimento ágil, seu cérbero caiu perfeitamente no espaço da cabeça, erguendo-se e contemplando seu antigo corpo com um leve tom de melancolia e lembrança.
(Imagino quantas vezes terei que fazer isso até que aquele oni morra. Quando comecei, ele não tinha muitos sob seu comando e raramente transformava outros oni, mas depois de perder para aquele homem, ele aumentou seu número e hoje é muito fácil encontrar oni.)
Ele rapidamente reconectou a parte superior da cabeça, realizando um funeral para seu antigo corpo enquanto testava sua nova técnica amaldiçoada.
[Técnicas Amaldiçoadas Inatas - Transplante, Cabeça de Helicóptero, Trem Privado do Amor Puro*]
Ao ver o nome da técnica, ele ficou confuso até que uma explicação lhe veio à mente, o que o confundiu ainda mais.
Ele rapidamente revisou a técnica, sendo o básico a criação de portas de trem, que ele honestamente não entendia completamente, mas tinha ouvido rumores sobre tais coisas — uma carruagem de metal gigante, embora ele nunca tivesse estado dentro de uma.
O mais importante era a expansão do domínio da técnica. A única vez que ele vira uma técnica com expansão fora uma das primeiras que obtivera, há 300 anos, uma técnica inata na qual ele invocava um juiz e tinha que discutir os crimes cometidos. Era útil, uma pena que ele não conservasse nenhuma técnica inata anterior; o máximo que ele podia manter eram três: a original, a do seu corpo anterior e a do seu corpo atual.
Mais importante ainda, os efeitos da expansão: um Jackpot de 4 minutos e 11 segundos, certamente pequeno quando as batalhas podem durar horas, mas os efeitos da energia amaldiçoada infinita significavam que ele poderia usar a expansão de maestria novamente após o tempo acabar, e 4 minutos e 11 segundos de energia infinita significavam imortalidade com energia invertida.
Após anotar mentalmente que deveria testar aquela técnica na próxima vez, o jovem encontrou seu corvo empoleirado na lápide improvisada, olhando para ele.
"Kinoe Tsugikuni Kenjaku foi convocado pelo Lorde Ubuyashiki Kagaya para comparecer ao Monte Sagiri. O Mestre solicita que ele se dirija à residência do antigo Hashira Urokodaki Sakonji."
Como sempre, parece que os Ubuyashiki desta geração já perceberam que troquei de corpo. O jovem pegou sua katana amarela, lembrando-se de que precisava trocá-la por uma melhor, afinal, aquela arma o acompanhava há mais de uma década.
Ele começou sua caminhada ao entardecer para ter a chance de testar sua técnica inata, mas infelizmente não teve essa oportunidade. Contudo, ao atravessar uma floresta, sentiu o cheiro de sangue e rapidamente se dirigiu para o local.
Ao encontrar uma cabana de madeira ensanguentada, um homem emergiu de dentro dela, contemplando a katana em sua bainha, olhando diretamente nos olhos do caçador, seus olhos vermelho-sangue com uma fenda negra como a de um gato, exibindo um orgulho inconfundível.
"Muzan, isso é realmente estranho. Faz tempo que não nos vemos, e a primeira coisa que você faz é matar uma família antes mesmo de eu chegar?"
O Oni olhou para a cicatriz na testa do humano, tentando se lembrar de onde já a vira antes. No fundo da sua mente, lembrou-se de um caçador que quase matara antes daquele homem aparecer. Com um estalo de língua, respondeu:
"Eu realmente não gosto de coisas assim. Essa cicatriz me lembrou daquela praga de anos atrás, mas é estranho, certamente, a mesma cicatriz no mesmo lugar que aquela causada por um inseto milênios atrás."
O homem exibiu um sorriso zombeteiro, seu corvo já tendo alçado voo ao ouvir o nome do rei dos oni, enquanto procurava por algum caçador de nível Hashira nas proximidades.
(Provavelmente ainda não consigo derrotá-lo, mas seria uma pena tentar escapar sem ao menos testemunhar seu poder. Eu poderia tentar prendê-lo em uma barreira...)
O humano então observou o rei demônio desaparecer de seu lugar e reaparecer diante dele com uma velocidade surpreendente, perfurando o peito do humano. Observando-o enquanto sangrava, ele notou outro caçador se aproximando e atravessando uma espécie de porta que se manifestou.
Ao ver a porta se fechar, o caçador se levantou com uma expressão séria, seus ferimentos se regenerando o suficiente para não representarem um problema.
(Uma técnica de teletransporte, mas para onde? Se ele conseguir escapar livremente, será ainda mais fácil para ele escapar no futuro. Preciso pesquisar mais.)
Ouviram-se passos quando um caçador de cabelos negros e olhos azuis aparentemente vazios apareceu, o céu clareando para um azul mais claro, embora ainda escuro, seu haori dividido ao meio, com dois padrões diferentes.
— "Recebi notícias de que Muzan foi visto aqui, onde ele está?"
O jovem Hashira falou, sua voz desprovida de emoção enquanto seu olhar permanecia fixo no buraco no peito do nosso protagonista ao responder.
— Ele saiu, uma espécie de porta se materializou no ar e ele entrou, provavelmente algum tipo de kekkijutsu que pode criar portas para outro local, bastante irritante de lidar.
— "Como você está vivo? Não me lembro de ninguém ter sobrevivido a uma luta contra Muzan, muito menos de ele ter poupado alguém. Todos os caçadores morreram ao entrar em contato com ele."
— "Certamente uma pergunta interessante; ele simplesmente não decidiu verificar novamente."
Ouviram-se mais alguns passos quando um rapaz de 13 anos emergiu do meio da floresta em desespero, sentindo o cheiro de sangue no ar.