Acordar como um bebê é, sem dúvida, a coisa mais estranha que já vivenciei na minha vida. Mas isso nem é o mais bizarro. O pior é que parece que eu estou, literalmente, dentro de um mundo fictício. Minha vida estava de boa: prestes a arrumar um emprego, juntando dinheiro para comprar meu tão sonhado skate. As coisas estavam indo bem… até que, do completo nada, eu acordo como um bebê.
E não em qualquer lugar, mas no mundo de As Crônicas de Gelo e Fogo. Para piorar, como o primogênito do rei mais bunda-mole da história Targaryen. O meu nome nesse mundo? Baelon Targaryen. Sim, exatamente aquele Baelon que morreu poucos dias depois de nascer.
Todos que vinham me visitar estavam com uma expressão de melancolia e tristeza. Mas a pior de todas era uma garotinha de olhos roxos e cabelos prateados, que me encarava com uma mistura de emoções que não deveria carregar. Naquele momento, meu pensamento foi claro: "Você não deveria me culpar. Se quiser culpar alguém, culpe seu pai, que forçou sua mãe a engravidar."
Era exatamente o que eu teria dito… se minhas cordas vocais estivessem completamente desenvolvidas.
Meu suposto pai só apareceu uma vez, com uma cara de arrependimento e tristeza. Os outros contatos que tive foram apenas com as senhoras que me trocavam. Aliás, fazer xixi nas calças não é tão vergonhoso quanto os outros reencarnados costumam dizer; até que é de boa. O verdadeiro problema é não poder se movimentar. Quando você passa a vida inteira acostumado a ter controle total do próprio corpo, ficar preso assim é muito estranho. Mas, tirando isso, não é tão ruim ser um bebê.
Nas poucas horas em que consigo ficar acordado, tento absorver o máximo de informações possível para descobrir em qual versão estou: a dos livros ou a da série de TV. Pelo que parece… é a dos livros.