Ficool

Chapter 3 - Capítulo 3: Um Guia Inesperado e o Primeiro Passo

A mochila nas minhas costas parecia mais pesada do que o normal. Não que eu me importasse; pelo menos, era um peso familiar em um mundo de incertezas. Aquele pequeno pátio do templo estava deserto, o que era uma sorte. Eu não queria ser pego resmungando sobre Power Rangers e sistemas de jogo logo na minha chegada. Minha prioridade era me misturar, entender onde eu estava de verdade.

Decidi explorar o templo, ou o que parecia ser um templo. As construções de madeira escura e telhados curvados eram belíssimas, mas a tranquilidade do lugar me dava arrepios. Era calmo demais. Quase como se o mundo estivesse segurando a respiração.

Enquanto caminhava por um corredor aberto, a interface do sistema piscou. Uma nova notificação: [Missão Recebida!].

Curioso, toquei mentalmente em [Missões]. Uma nova janela se abriu:

[Missão: Primeiro Contato] Objetivo: Encontre um residente local e obtenha informações básicas sobre a área e os costumes. Recompensa: 50 XP, desbloqueio da função de mapa local. Falha: Nenhum. Progresso: 0/1 (Pessoa Contatada)

"Ah, ótimo. Um tutorial," murmurei, um sorriso irônico brincando nos meus lábios. Pelo menos isso me dava um propósito imediato, além de vagar sem rumo.

Saí do pátio para uma rua movimentada, e o choque foi imediato. Não era a Kyoto que eu conhecia dos documentários e animes. Havia pessoas com roupas tradicionais japonesas, sim, mas também vi indivíduos com orelhas de animais, alguns com pequenas chamas dançando na ponta dos dedos, e até um sujeito flutuando a alguns centímetros do chão enquanto falava no celular. O ar vibrava com uma energia que eu nunca tinha sentido, uma mistura de magia, tecnologia e algo... orgânico.

DxD, MHA, Ben 10... Minha mente correu pelas possibilidades. As orelhas de gato eram de DxD, os poderes aleatórios eram Quirks de MHA, e a pessoa flutuando... bem, poderia ser qualquer um deles, ou algo de Ben 10. As ruas eram uma colagem vívida de todas as culturas que o Mestre Arco-Íris mencionou. Edifícios modernos se misturavam com templos antigos, e telas gigantes exibiam anúncios de produtos estranhos ao lado de caligrafias elegantes.

De repente, um pequeno ting ecoou no sistema. Olhei e vi a notificação: [Missão Atualizada: Encontre um guia.]

[Missão: Primeiro Contato - Continuação] Objetivo: Encontre um residente local disposto a guiá-lo brevemente pela área. Recompensa: 100 XP, desbloqueio da função de mapa local, item surpresa. Falha: Nenhum. Progresso: 0/1 (Guia Encontrado)

Um guia, hein? Era mais fácil falar do que fazer. Eu não tinha dinheiro, roupas adequadas (ainda usava a mesma roupa surrada que vestia quando morri) e, francamente, parecia um forasteiro completo. Minha única esperança era encontrar alguém que fosse... acessível.

Meus olhos escanearam a multidão, procurando por um rosto amigável, ou pelo menos um que não parecesse prestes a me ignorar. Foi então que a vi. Sentada em um banco de parque próximo, debaixo de uma árvore de cerejeira que já começava a florescer, estava uma garota. Ela tinha cabelos castanhos curtos e olhos brilhantes, e o que mais me chamou a atenção foi um par de... asas brancas macias e emplumadas que saíam de suas costas. Elas eram pequenas, mas inegavelmente reais. Ela estava lendo um livro de capa grossa, e parecia alheia ao caos colorido da rua.

Um anjo? Ou talvez um anjo caído de DxD? Eu não tinha certeza, mas ela parecia menos intimidante do que os outros. Respirei fundo e decidi arriscar.

"Com licença?" Minha voz saiu um pouco mais alta do que o planejado, chamando a atenção dela.

Ela levantou a cabeça, e seus olhos, de um tom âmbar, me encararam com uma curiosidade gentil. "Sim? Posso ajudar?" Sua voz era suave, quase musical, e perfeitamente em japonês.

"Eu... eu me perdi," comecei, a desculpa mais clichê que consegui formular. "Sou novo na cidade, acabei de chegar, e estou um pouco sobrecarregado com... tudo." Gesticulei vagamente para a rua, esperando que ela entendesse a implicação de "pessoas flutuando e com chamas nas mãos".

Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. "Ah, sim. Kyoto pode ser um pouco... diferente, para quem não está acostumado. De onde você veio?"

"De um lugar muito, muito longe," respondi com um sorriso forçado. "Estou procurando um ponto de referência, talvez uma estação de trem, ou qualquer coisa que me ajude a me situar."

Ela fechou o livro, as asas tremulando levemente. "Entendo. Posso te guiar até a Estação Central, se quiser. É um bom lugar para começar." Ela fez uma pausa, estudando minhas roupas. "Você parece um pouco... despreparado para o clima."

"Eu... tive uma viagem turbulenta," improvisei novamente.

Ela assentiu, parecendo aceitar a desculpa. "Meu nome é Yumi. Prazer em conhecê-lo." Ela estendeu uma mão pequena e delicada.

"Meu nome é... uhm..." Eu congelei. Qual era o meu nome? Naquele escritório branco, tudo parecia tão irreal que meu próprio nome parecia ter se evaporado. Minha identidade terrena. Eu havia morrido, afinal. "Pode me chamar de... Ryo," eu disse, escolhendo o primeiro nome japonês que me veio à mente, um que sempre gostei.

Ela sorriu. "Prazer, Ryo-san. Vamos, a estação não é tão longe."

Enquanto caminhávamos, a notificação de missão piscou novamente: [Missão: Primeiro Contato - Progresso: 1/1 (Guia Encontrado)]. E então, uma nova mensagem: [Recompensa Recebida: 100 XP, Mapa de Kyoto (desbloqueado), Item Surpresa: Telefone Inteligente (com aplicativo do Sistema)]

Um telefone inteligente materializou-se na palma da minha mão, um modelo elegante e moderno. Isso seria útil. Muito útil. Eu tinha um guia, um mapa, e um celular. Talvez esse novo começo não fosse tão difícil assim.

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