Ficool

Chapter 3 - The Price of Peace

Adrian Foster ficou preso.

Num pesadelo profundo. Repugnante. Asfixiante.

Correntes pesadas o mantinham preso a uma cruz enferrujada, pregado no meio do vazio. Ao seu redor, apenas escuridão — e sangue. Litros e litros de sangue jorravam de buracos invisíveis nas paredes do nada.

Rostos.

Milhares deles.

Uma voz se destacou — a de sua filha, com o crânio esmagado:

— "Papai... por que você não me salvou?"

ACORDAR!

Acordar.

Acordar.

Acordar.

O som dos sinos da catedral o trouxe de volta à realidade.

O pesadelo começou como sempre — com o cheiro de sangue.

— "Mais uma noite sem dormir", — ele murmurou, esfregando os olhos inchados.

Adrian se levantou, com o olhar firme. Seus punhos cerrados quebraram o despertador antes mesmo de tocar. 11:55 . Cinco minutos antes do alarme.

O apartamento no 10º andar estava quente demais para o verão. Ou talvez fosse só ele. Sempre ele. Suas tatuagens — os rostos de Melisa e da filha — pareciam queimar sob a camisa suada.

— "Os pesadelos não me deixam mais dormir..." — ele cravou as unhas na cama. — "Não importa quanto tempo passe... o passado me assombra."

Ele agarrou a cruz de prata em seu pescoço. Um beijo rápido. Último ritual de um homem que busca redenção em Deus.

TOC TOC TOC

A batida na porta foi rápida, militar. Bruce. Sempre pontual.

Adrian abriu a porta e imediatamente viu: 844. Mais uma morte desde ontem.

— "Explicação." — Sua voz saiu mais áspera do que ele pretendia.

— "Refugiados da Zona Leste, senhor. Dois carregadores de bicicleta perderam o controle durante a noite. Tive que intervir."

Adrian engoliu em seco. Mais sangue em suas mãos, mesmo que indiretamente.

— "Você está chegando perto do limite, Bruce."

— "Eu sei, senhor. Mas a cidade..."

— "Vamos." — Adrian interrompeu o assunto, pegando sua jaqueta.

A rua fervilhava de gente a caminho do segundo culto. Crianças riam. Idosos conversavam. Tudo normal. Tudo frágil.

Foi quando o sistema sussurrou:

[☠️ ALERTA: ALTA PRESENÇA DE MORTES DETECTADA]

Adrian parou abruptamente. Seus olhos percorreram a multidão. Ali — a mais de 10 km de distância — em um dos prédios mais altos da cidade, dois homens observavam tudo através das janelas quebradas. Máscaras cobriam seus rostos.

— "Bruce. Dois intrusos. Setor 4."

— "Como você...?"

- "MOVER!"

O grito de Adrian chegou tarde demais.

ESTRONDO.

A explosão sacudiu a rua principal, vinda do Setor 4. Pedras voaram. Gritos. Sangue. E no meio do caos, uma figura alta com uma máscara de palhaço dançava entre as chamas.

— "Bom dia, Cidade Foster!" — gritou o Palhaço, com a contagem de mortes escondida. — "Viemos testar sua famosa... paz."

— "Nossa... até eu fiquei incomodado com tanta paz."

— O outro, alto, de casaco comprido e máscara sem rosto, cruzou os braços.

— "Se eu não estivesse aqui, jamais acreditaria que uma cidade como esta ainda existisse. Estou curioso... Quero ver até onde vai a ilusão."

— "Não tenha pressa... Eu já espalhei minha explosão."

Corpos esmagados e espalhados no chão.

Um carro blindado apareceu, coberto de armas de fogo, tentando conter os invasores. Mas o palhaço jogou outra bomba para silenciar o barulho.

ESTRONDO.

ESTRONDO.

A segunda explosão levantou uma nuvem de destroços. Pedaços de corpos choveram sobre a praça.

Adrian emergiu da fumaça. A faixa preta estampada em sua testa brilhou em vermelho, revelando flashes de um número tão alto que distorcia o ar ao redor de sua cabeça.

O Palhaço riu:

— "Finalmente! Uma contagem de mortes mostra que você—"

CLANGAR.

A espada de Adrian já estava enterrada no peito do inimigo antes mesmo que a frase terminasse.

O chão começou a sangrar.

Não era apenas um líquido vermelho — era algo pior.

Os murmúrios vieram primeiro. Vozes distorcidas sussurrando números:

"1... 5... 27... 1.000..."

Como se o próprio chão estivesse contando suas vítimas.

Adrian olhou para baixo. Os rostos dos seus pesadelos agora estavam contorcidos no sangue, as bocas se abrindo em gritos silenciosos.

— "As almas que eu absorvi..."

Bruce observava por trás dos escombros, com os dedos se contraindo involuntariamente no coldre da arma.

Ele já tinha visto Adrian matar antes. Mas nunca daquele jeito.

— "Merda..." — ele murmurou, com suor escorrendo pelas costas. — Eu nunca me acostumo com isso.

O número em sua testa — 844 — pulsava como um farol de alerta.

Adrian já havia sentido algo errado dez segundos antes do chão sangrar.

A cruz de prata em seu peito queimava. Não como metal sob o sol — mas como gelo em carne viva.

Um aviso.

O sistema rugia em seus ouvidos:

[ MATAR ASSIMILAÇÃO ATIVADA]

[+1 alma absorvida]

[Total de mortes herdadas: 8.004]

[Habilidades herdadas: 0 (Você já as possui)]

[Habilidades existentes: ??? (Muitas para processar agora)]

[Preço: Sua vida não lhe pertence mais]

[ MATAR MONSTRO: 1.138.004 mortes]

E então... o chão começou a sangrar.

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