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The Wandering Squirrel

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Synopsis
In a post-apocalyptic world consumed by chaos, a fearless half-faun embarks on an epic quest to find a mysterious figure known as Bella. Through the ruins and dangers of the shattered world, he joins the Dawn Patrol—a powerful order specialized in tracking down lost people and artifacts. Confronted by unimaginable horrors, he must expand his influence within the Dawn Patrol to uncover crucial clues. Will he unravel the dark secrets hiding the truth about Bella… and finally find her?
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Chapter 1 - A Paz de Fauntasia & o Caos Humano

Era a quarta vez naquela semana que o viajante entrava, a contragosto, em algum lugar aleatório da cidade. Precisava de abrigo, mas a cada passo o chão rangia de forma sinistra. Esse rangido constante era um dos menores sinais de que a velha mansão não era o melhor refúgio. Mas estava anoitecendo. Mortos-vivos em decomposição e outras criaturas igualmente aterrorizantes vagavam pelas ruas da abandonada cidade portuária, e, para piorar, uma tempestade se aproximava.

O viajante já havia sobrevivido a situações piores naquele cenário apocalíptico, mas preferia não abusar da sorte. Ainda assim, mantinha uma réstia de esperança de que, naquela noite, a sorte o favoreceria.

Para um observador casual, ele pareceria apenas um semi-fauno de quase dezoito verões. Sua aparência frágil de adolescente poderia enganar até os guerreiros arcanos mais experientes. Seu cabelo castanho, na altura dos ombros e escondido sob um chapéu estilo Sherlock Holmes, geralmente cobria suas orelhas de esquilo, permitindo que ele passasse por um humano amável e inofensivo. Isso funcionava, pelo menos até as circunstâncias o forçarem a se tornar um ardiloso trapaceiro—ou um mestre em dispositivos ocultos. Mesmo assim, o viajante preferia reservar sua Afinidade e itens arcanos para as situações mais desesperadas de sua jornada. Afinal, ferramentas convencionais como espadas e flechas sempre eram úteis nas mãos de um guerreiro habilidoso.

Por isso, sua bolsa ainda guardava alguns artefatos arcanos, embora seu estoque de poções encantadas tivesse acabado mais rápido do que esperava. Ele precisaria adquirir mais com a Senhora das Poções Encantadas assim que tivesse uma chance.

Steve assentiu para si mesmo, depois tirou o chapéu e o cachecol, revelando um rosto pálido. Seus olhos castanhos varreram o ambiente escuro, enquanto o facho de sua lanterna iluminava o chão de mármore. A solidão fria e sufocante o envolvia. Como esperado, além dos desprezíveis mortos-vivos, suas únicas companhias eram aranhas e ratos.

Ele tentou não pensar no que poderia estar à espreita nas sombras da mansão enquanto descia uma larga escadaria. No porão, depois de despachar zumbis com golpes rápidos de sua espada de madeira e selar as entradas, o viajante solitário procurou um canto para dormir. Limpou o excesso de poeira e teias de aranha, depois estendeu seu saco de dormir no chão.

Era difícil acreditar na série de eventos catastróficos que havia ocorrido nos últimos seis meses. Ele nunca imaginou que o mundo chegaria a esse ponto, que cairia em tempos tão sombrios, muito menos que precisaria dormir em uma velha mansão que não oferecia nenhum senso de segurança.

Com alguma hesitação, Steve deitou-se para meditar antes de adormecer, decidido a entrar no mundo de Fauntasia—um hábito que cultivara desde o início da adolescência.

"Se eu morrer aqui, neste mundo, enquanto estiver em Fauntasia, talvez lá se torne meu novo mundo", pensou o semi-fauno, antes de finalmente fechar os olhos.

Ele havia nascido no mundo humano, embora em uma vila distante da civilização humana, uma vila de faunos. Mas criou um segundo lar em um reino onde se sentia igual aos outros, uma dimensão paralela onde frequentemente escapava em busca de refúgio, pulando de corpo a corpo.

Fauntasia ainda guardava muitos mistérios para ele.

Conforme sua consciência começava a se afastar do plano humano, como acontecia às vezes, Steve acordou em uma toca sob uma floresta iluminada pela lua. Encontrava-se em um corpo cerca de sete anos mais jovem e, como esperado, com características de esquilo mais acentuadas. Um corpo de fauno, misteriosamente nascido na floresta entre companheiros alquimistas desde o momento em que seu espírito fez o primeiro contato com eles—os faunos do Reino dos Faunos, seres arcanos que compartilhavam semelhanças com mamíferos, todos bípedes.

Às vezes, Steve se perguntava por que havia sido abençoado com essa segunda vida. Apenas ali ele se sentia totalmente fauno, completo, e isso era uma maravilha.

O Esquilo emergiu do caixão semelhante a um casulo e seguiu em direção à saída da toca. Sem nem pensar em caminhar, ele saltou direto para uma árvore.

Não conseguia se lembrar da última vez que havia andado normalmente por uma floresta. Desde a noite de inverno em que se tornou um caçador de recompensas, Steve parou de fazer caminhadas convencionais por áreas arborizadas. Não era só uma questão de emoção ou diversão. A verdade é que sua escolha de se mover pela floresta como um esquilo ou macaco já o salvara incontáveis vezes, ajudando-o a evitar perigos e tornando-o um elemento surpresa ao enfrentar bandidos da floresta. Não era à toa que era conhecido como a Sombra Silvestre.

Com agilidade sobre-humana, ele se moveu até avistar fumaça sob o luar—o primeiro acampamento que encontrou em suas andanças, ou melhor, em seus saltos pela floresta de Faunestália.

O aventureiro aterrissou graciosamente em um ponto sombreado pelas árvores, observando cuidadosamente qualquer movimento no acampamento.

À frente, na clareira, havia duas tendas. Ele planejava visitar ambas—exceto, é claro, se uma delas abrigasse um casal de faunos em um encontro íntimo.

Após observar as silhuetas dentro das barracas de tecido, o Esquilo escolheu usar sua graça feérica para saltar direto para a outra tenda. Apenas um par de olhos dourados o viu se materializar na sombra do tecido. Felizmente, dessa vez, ninguém parecia à beira de um ataque cardíaco com sua aparição repentina, notou o Esquilo. Só então ele permitiu-se soltar o ar.

"Olá, Nahlyes", ele cumprimentou, ao ver a pequena fada dourada agindo como sentinela. "Te assustei?"

A pequena fada respondeu ao cumprimento em Nahvilys, a língua das fadas, antes de voar e pousar no ombro de um fauno-lebre que passava pela tenda.

"Sylvan!" exclamou o fauno, fazendo o aventureiro se virar. "Tudo bem?" perguntou o jovem fauno de manto branco, aproximando-se com a graça rápida de uma lebre.

O fauno-esquilo lançou um olhar ao redor, com um sorriso levemente amargo no rosto. "Oi, Pronório. Bom, como posso dizer... Vejo que aqui está tudo em paz, mas no mundo humano..."

Steve pensou no caos causado pelo vírus amaldiçoado que se espalhava por lá, e sua voz carregou um toque de tristeza.

"Ainda está passando por muita coisa... Ah, como eu queria que houvesse ao menos uma fração da paz que temos aqui!"

"Sinto muito pelo seu mundo, cara," disse Pronório, com sinceridade no tom. "Mas talvez, um dia, seu destino seja permanecer aqui."

"Sim... Talvez," respondeu Steve, pensativo.

Dez minutos depois, eles estavam reunidos ao redor da fogueira, saboreando espetos de peixe temperados pelas chamas tremeluzentes.

"E então, a garota ruiva...?" perguntou Pronório, curioso.

"Tenho investigado," respondeu o fauno-esquilo, com os olhos fixos no fogo. "Parece que ela realmente se foi, mas deixou pelo menos uma réplica de si mesma. Acho que ela passou sua missão para essa réplica."

"Entendo. Sabe, se eu tivesse que partir, acho que faria o mesmo," refletiu Pronório.

"Eu também," assentiu Steve, "se tivesse a habilidade de me replicar."

"Mas o que você acha que é a missão dela?" perguntou o fauno-lebre, inclinando-se um pouco mais.

"É o que eu gostaria de descobrir. Seja o que for, acredito que tenha a ver com manter o equilíbrio. Como se espera de uma Fragmentalista," respondeu Steve, imaginando o cabelo ruivo da garota nas chamas, "ou de uma réplica especial do Povo Fragmentalista."

Pronório assentiu, imerso em pensamentos. "Você tem razão. Ah, os Fragmentalistas e sua nobreza... eram realmente algo único."

Perdido em suas reflexões, Pronório ergueu o olhar para a lua cheia, enquanto mexia distraidamente as brasas da fogueira com o espeto.