Ficool

Chapter 19 - Capítulo 19 – O Presságio da Névoa

Acordei com o som do trovão.

Mas o céu estava limpo.

Levantei de sobressalto. O campo estava estranho — mais escuro, como se algo estivesse sufocando a luz do amanhecer. Até o vento parecia se mover ao contrário.

Velka surgiu ao meu lado, já armada. Ryujin observava o horizonte, imóvel.

— O que está acontecendo? — perguntei.

— Um presságio — respondeu Ryujin. — Um sussurro da névoa.

A névoa avançava, lenta e densa, engolindo as árvores. No meio dela, vultos. Muitos. Mas não atacavam — apenas cercavam, esperando.

— Eles estão nos cercando?

— Não. Estão assistindo.

E então veio o som. Uma espécie de cântico distorcido, impossível de entender. Como se falassem com a própria realidade. As sombras começaram a se fundir.

E o céu escureceu.

Um símbolo brilhou no céu: o mesmo que vi nos olhos de Caos.

— Eles estão invocando algo... — Velka murmurou.

Ryujin se virou para mim, sério.

— Não temos tempo. Seu poder precisa despertar agora. A próxima etapa do treinamento começa hoje.

— Mas—

— Entre na câmara.

Ele apontou para uma fenda entre as pedras, selada por símbolos antigos. Um lugar que ele havia proibido de tocar até agora.

— O que tem lá?

— Sua alma. Ou o que sobrou dela.

Desci. As pedras se fecharam atrás de mim. Tudo ficou escuro.

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A câmara parecia viva. O chão pulsava. As paredes respiravam.

E no centro, uma espada enterrada em espinhos.

Hoshikage e Getsuryuu começaram a vibrar nas minhas mãos. O ar pesava. Vozes sussurravam meu nome.

Aproximei-me da espada. Meus olhos arderam.

Uma força me puxava. Para dentro. Para o fundo.

Toquei o cabo.

E tudo explodiu.

Memórias que não eram minhas. Gritos. Um trono manchado de sangue. O riso de Caos.

E então… o silêncio.

Quando voltei a mim, estava no chão da câmara. As espadas haviam mudado. Mais pesadas. Mais afiadas. Como se tivessem... aceitado algo dentro de mim.

Subi com passos trêmulos. A névoa recuava.

Velka me viu. E correu até mim.

— Você... está diferente.

— Estou mais forte.

— Isso é bom?

— Não sei.

Ela segurou meu rosto entre as mãos.

— Não importa. Enquanto você ainda for você...

Beijei-a.

Foi breve. Quente. Real.

Depois do que vi... depois do que senti...

Eu precisava lembrar que ainda era humano.

E ela era minha âncora.

— Quando tudo acabar... — comecei.

— A gente decide o que começa — ela respondeu.

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