[07/04/2018] - [18:57:27]
[Oceano Atlântico - Aukhemya]
[3° P. POV]
Ventos sopraram pela ilha, baixando a temperatura, e convergiram para o local. Todos os seres no lugar sentiram, além do súbito frio, a pesada aura da entidade superior.
Nuvens ocultaram as estrelas do céu noturno. Nem a lua foi poupada. As únicas fontes de luz eram os raios, rasgando o céu, e as casas, prédios e postes de Aukhemya.
E claro...
O aukhemyano da Luz.
O brilho divino, emanado por ele e o Brasão em suas costas, iluminou a praça, convenientemente permitindo que os presentes pudessem enxergar as cenas à seguir.
Principalmente a forma dourada, ainda sentada.
Madha, tomado pelo terror, mas agora com poder total, conjurou magias dignas de um deus da luz. Armas, criaturas, matrizes e círculos mágicos, raios e toda forma possível de ataque luminoso contra o boneco dourado. O formato não importava, pois as pessoas só enxergavam feixes de luz. Ele não poderia permitir a existência daquilo.
Os demais aukhemyanos apenas observavam, apreensivos, o desenrolar. Eles pensavam em auxiliar seu santo, mas sentiam que não deveriam prejudicar, ainda mais, aquela entidade. Alguns ainda narravam a situação ao lado de câmeras, transmitindo os acontecimentos para seus compatriotas espalhados pela ilha.
Na verdade, ninguém conseguia desviar a atenção das telas. Talvez por terem alta sensibilidade às forças arcanas, ou simples instinto de sobrevivência, o povo destas terras precisava saber a origem da desconfortável, porém simultaneamente agradabilíssima, sensação.
Curiosamente, os únicos que possuíam vagas ideias sobre os acontecimentos foram ignorados exceto, obviamente, o antagonista. Os primeiros desse estrito grupo não poderiam ser outros além dos Homúnculos. Estes mascarados fielmente mantiveram-se ajoelhados. Afinal, aquela era a hora dos seus senhores brilharem.
O outro era um certo culto taxado como pagão e demoníaco, que profetizou o retorno da Imperatriz dos Monstros. Mas esta história não importa. No momento...
Voltando à cena principal, Madha incessantemente conjurava suas magias, na inumana média de 16.000.000 ec/min (encantamentos comuns por minuto), ou 160 ed/min (encantamentos divinos por minuto). De certo, todo este poder só poderia ser alimentado pelo Brasão de Horakthy. Sem mencionar sua exímia precisão, sempre atingindo crânio ou tórax.
Mas para seu infortúnio, o ser dourado permaneceu intacto, pois os feitiços permeavam a matéria dourada, mas nunca saíam.
{Notas do Autor: Para te ajudar a se situar, é como se Madha estivesse conjurando 160 raios de Zeus por MINUTO! E ESSE BONECÃO DE PLAY-DOH DOURADO RESISTIU TUDO ISSO!}
Madha: '*ansioso* Droga, droga, DROGA! POR QUE ESSA COISA NÃO MORRE?!'
O nêmese do aukhemyano continuou sentado, esporadicamente movendo a cabeça, como se admirasse a paisagem. Depois iniciou um complexo e profundo diálogo com centelhas espirituais e até acenou para uma criança confusa.
Tudo isso durou 2 minutos.
E em tão pouco tempo, Madha já sabia que só restava desistir...
Ou combater fogo com fogo.
Sentindo o fluxo do Brasão, seu sorriso não poderia ser menos bizarro. Tal poder percorrendo-o trazia prazeres e desejos quase enebriantes. Para sua sorte, ou azar, pavor e terror não permitiram-lhe distrair. O símbolo da deusa novamente brilhou sobre ele, em suas costas. Aukhemyanos mais uma vez maravilharam-se com a visão. Repórteres e câmeras não perderam os detalhes.
Mais e mais clamores de glória ecoaram. Um martelo de guerra com uma ponta de lança no topo, formando-se a partir do Brasão, reforçou a certeza de todos: o trágico destino dos seres dourados foi selado.
Mas com o surgimento da arma mágica, a estranha existência interrompeu seu lazer. Madha finalmente atraiu sua atenção. Tanto é, que finalmente levantou-se...
TUUUMMP!
Apenas para cair pateticamente...
Seus "membros" eram completamente rígidos, sem articulações, e a ausência de mãos não ajudava. Basta imaginar uma pessoa engessada tentando erguer-se, sem ajuda, após despencar da cama. Este cômico suplício durou 5 minutos.
Algumas crianças, inocentes, acharam divertido. E os adultos riam com escárnio. Madha, obviamente, aproveitou a oportunidade para atacar.
Durante esse tempo, o feitiço foi carregado. Somente a ponta da arma possuía 2,5 m de comprimento e 0,8 m de largura. Talvez fosse uma coincidência essa ponta assemelhar-se à coroa de uma antiga Rainha dos Elementos...
Porém, ao invés de uma excruciante impalada, viria uma marretada com 4,6 m de diâmetro, capaz de amassar um aukhemyano adulto até a polpa.
O homem ergueu a mão, e o martelo acompanhou o movimento, rapidamente mudando a direção dos ventos e até causando alguns danos nos prédios e pessoas. Mas o que isso importava? Na crença dos aukhemyanos, tudo era pouco para seu santo. E então, com um firme comando, Madha desferiu o ataque.
SLAAMMM!!! BOOOOMMMMM!!!!!!!
O movimento e a força do impacto causou outro desastre, espalhando destroços e cobrindo a área com poeira. Os aukhemyanos não podiam ver o estado final da figura dourada e seus servos.
O conjurador da magia novamente ergueu a mão e, portanto, o martelo deixou a nova cratera. Drones e um helicóptero, que sobrevoavam o buraco, transmitiriam a imagem dos restos mortais...
Porém...
Como todos pensaram...
O golpe...
...
Foi super efetivo!
Apesar de sua fé, algumas coisas são de praxe. O vilão nunca morre com um único golpe. Eles pensaram que, de alguma forma, a entidade sobreviveria, ficaria de pé, e uma feroz batalha seguiria...
Mas aquilo...
Apenas uma poça dourada com um artefato esférico, similar a um núcleo de pedra com rachaduras, no meio...
Aquilo era inesperado. Quase decepcionante.
Madha também sobrevoou o lugar. Ao avistar o núcleo, não pensou duas vezes e usou a ponta afiada do martelo para destruir aquilo.
É senso comum que slimes, golens, lichs, máquinas, dragões e qualquer monstro que possua núcleo tem o mesmo como seu ponto fraco.
Só que...
Isso não poderia ser tão simples...
Certo?
Ainda haveria alguma defesa ou truque...
Certo?
Uma última batalha, certo?
Errado.
Não apenas foi simples como rápido. Anti-climático, até. O núcleo escarlate fragmentou-se e perdeu o brilho. A onda de energia liberada provou a destruição daquilo.
Então... Esse seria o fim do arqui-inimigo de Aukhemya? Tão... Simples e patético?
Sim.
Por ser um aukhemyano... Não... Por ser um ser vivo, Madha ainda estava desconfiado. Ele caiu nesse mesmo truque, milhares de anos atrás, e não seria enganado novamente.
Poderia ser que estivesse hipnotizado, ou sonhando?
Sim, era possível! Uma batalha fácil com seu inimigo, só poderia ser uma ilusão!
Enquanto ponderava, mais comemorações dos aukhemyanos. O mal foi derrotado! Até mesmo os servos dourados-
Os servos dourados...
O aclamado santo lembrou-se da irritante existência deles. Mas estavam feridos e caídos. Bem, Madha achou que teriam magicamente mantido a postura, e que ficariam esperando seu senhor ressurgir. Talvez, após três dias, algo aconteceria...
O primeiro a tentar se reerguer foi Drácanis. Homúnculos Míticos não possuiam apenas nomes pomposos. Mesmo com os ferimentos, inclusive aqueles causados pelo último assaulto, o draco-licantropo orgulhosamente ostentava a resiliência do seu povo. Mas ainda em frangalhos.
Com sua voz fria e áspera, similar à um dragão morto, claramente ofegante, discursou para todos, exibindo sua honra para com seus senhores.
Drácanis: "*bravamente* Enquanto... Os Sobe... Ranos... Exis... Ti... Rem... Nós- WHAACK!"
Xolotl: "*deitado, limpando as mãos, após nocautear Drácanis com a cauda* *ferido* Cala a boca, garotão. Eu já ouvi discursos o bastante esse ano *cuspindo um fluido dourado* Icor? Faz tempo que não via o meu..."
Quetzalcoatl: "*sentado, analisando seus ferimentos* Não irmãozinho, isso é a gosma dourada do Lúcio. Não sei que tipo de porra é essa, capaz até de converter sangue divino..."
Carla: *deitada, delirando*
"Heartbreakers gonna break (break, break, break, break)
And the fakers gonna fake (fake, fake, fake, fake)
Baby, I'm just gonna shake (shake, shake, shake, shake)
I shake it off, I shake it off"
Carolina, Catarina e Seu Tião: *deitados, delirando*
"Ay, ay, ay ay!
Canta y no llores!
Porque cantando se alegran
Cielito lindo, los CORAZONES!"
Sarifo: "*deitado* Ei, capitão. Aqueles lá não estão bem..."
Marlos: "*lentamente se levantando* Kriafik, você tem corta-doido pronto?"
Kriafik: "*tentando se apoiar nas oito pernas* Me dê cinco minutos."
E então começaram a conversar, como se não houvesse um pseudo-deus enfurecido e mortal no recinto. Nenhum aukhemyano poderia imaginar aquilo. Eles realmente estavam fazendo pouco caso de seu santo?!
As pessoas assimilam características dos outros. Esse ímpeto, essa audácia, essa loucura, esse jeito de se virar para o Caos e dizer "Compreensível. Tenha um bom dia"... De quem poderiam ter aprendido isso?
{Notas do Autor: Esta aqui é em homenagem à minha prima. S2 te amo ( ˘ ³˘)♥}
Madha: "BASTA!"
Em fúria, ele efetuou um único movimento. O martelo novamente atacou, novamente atingiu a poça dourada, novamente causou uma onda de choque, novamente feriu e empurrou os Homúnculos e novamente foi devorado.
...
Devorado?
O fluido, como se estivesse aguardando o momento ideal, instantaneamente expandiu-se e se moldou como uma gigante boca, com dentes afiados e runas, aprisionando a arma de uma vez.
Eh?
Eh?
Eh?
Eh? Eh?
Eh?
Eeeeeeeeeehhhhh???
Ninguém podia entender porque o Pac-Man.exe Gold Edition apareceu. Até o aukhemyano da Luz levou alguns segundos para entender. Só então, não apenas ele, como também os outros perceberam a coisa esférica mastigando o poderoso martelo da justiça sagrada.
Mais uma vez o pavor voltou. Alguns enlouqueceram ao presenciar a abominação. Outros não podiam acreditar. A preocupação só aumentou quando...
GLUP!
De alguma forma, aquilo engoliu os restos da arma conjurada, fazendo um som traumatizante.
Então...
PLOP!
Um simples estouro, deixando partículas douradas e o mesmo núcleo rochoso, outrora destruído. Mas agora o artefato, totalmente reparado e melhorado, flutuava, ressonando.
A matriz familiar desse núcleo brilhou. Então começou a se esticar, e depois dividiu-se, como uma célula. Agora haviam dois núcleos, um com brilho escarlate e o segundo emitindo uma luz cerúlea. Ambos eram de um dourado claro, similar a electro, e ambos novamente se aproximavam.
CRACKABOOM!
Um novo martelo mágico interrompeu qualquer transformação, fazendo ambos os núcleos caírem e se afastarem. Quem poderia ser tão tolo a ponto de deixar o inimigo se metamorfosear na própria frente?
Mas ainda não era o fim...
De cada núcleo, cabos e tentáculos surgiram, provavelmente tentando se reunir, mas imediatamente eram partidos por Madha, agora usando o Brasão como uma arma laser. Dessa forma, os núcleos não poderiam devorar suas magias e fortalecerem-se.
Porém, esses prolongamentos não paravam de surgir. Pareciam crescer ainda mais rápido conforme eram ceifados.
Destruir os núcleos? Tornou-se impossível. Nem raios, cortes ou força bruta causava uma lascação qualquer. Afinal, duas irmãs sacrificaram muito, apenas para este momento.
Era inútil evitar. Para Madha, o desespero só crescia. Ele já tinha uma ideia, e por isso temia o resultado. Todos os planos que criou, todos os sonhos, desejos e ambições ruiriam. Não, isso não aconteceria. Ele não permitiria que todos os esforços e sacrifícios fossem desperdiçados.
Mas o resultado...
Um simples fio elétrico e um magro tentáculo cartilaginoso discretamente conectaram-se, causando uma nova onda de choque, essa que percorreu toda o arquipélago aukhemyano. Qualquer entidade sentiu. Era o anúncio.
Aliás, o aukhemyano da Luz não resistiu e fugiu. Correção: recuou taticamente para ter um posicionamento melhor, já que rapidamente recuperou a compostura. Desistir, após tudo o que passou? Jamais!
...
Distante dos olhos da população, a carne do tentáculo era grotescamente atravessada por filamentos metálicos, e o fio inorgânico era forçadamente convertido em matéria orgânica.
Em segundos, novos cabos, tentáculos, tubos, prolongamentos, canos e membros rapidamente ligavam-se da mesma forma estranha. Se visto à distância, sem aviso, poderia-se pensar que era um ninho superlotado de serpentes. Novas extensões surgiam e conectavam, formando um crescente aglomerado, lembrando um tecido celular.
Curiosamente, isso não passava de 3 m de altura, pois as ligações eram comprimidas e absorvidas, repetidamente. Já não se via os núcleos. Apenas camadas orgânicas e inorgânicas, formando um casulo, que ficou pronto em 4 minutos.
Depois, silêncio e inércia. Por um tempo, nada aconteceu. Todos estavam com corações disparados. Obviamente, algo ruim aconteceria...
«⟨As condições foram cumpridas. O Evento ??? "Renascimento da Primeira Criação" começou.⟩»
Todos ouviram. Nenhuma entidade, surda ou não, ficaria sem escutar tais palavras. Não apenas em Aukhemya, mas no mundo inteiro. Essas reações, porém, ficam para depois.
O que importava era o incremento do temor. Escutar os vagarosos sons dos seus próprios e acelerados batimentos cardíacos, o suor frio escorrendo pelos cabelos arrepiados, a combinação de mãos trêmulas e calafrios, e ver até o santo pressionado não melhorava a angústia.
Independente se cultuavam aquilo ou não, ninguém poderia resistir ao desconforto causado pela pressão. Nem os deuses...
...
...
Até que alguém percebeu...
...
Se meu coração está disparado...
Por que ouço batimentos tão lentos?
...
...
Na verdade, todos só podiam ouvir o coração dentro do casulo...
E seus batimentos cada vez mais rápidos.
1 bpm, 2 bpm, 5 bpm, 17 bpm, 39 bpm, 65 bpm, 83 bpm, 94 bpm, 107 bpm, 126 bmp...
As batidas martelavam até à alma. Ninguém seria poupado do som causado pelo coração dela, que só desejava viver com sua família, outrora cessado.
Mas não mais. Nunca mais. A hora de reencontrar seus entes amados chegara.
...
Felizmente, ou não, o tormento durou pouco, pois o casulo eclodiu, revelando um amontoado de cristais ainda maior...
Que vagarosamente começaram a se mover.
Não eram simples cristais, mas exuberantes penas etéreas com membranas cristalinas, refletindo as luzes artificiais em um espetáculo dourado na noite aukhemyana.
FHHHOOOOOOOOOOSHHHH!
FOOOOOOOHHHHH!!!!
As penas rapidamente se moveram. Ou melhor dizendo, um par de gigantescas asas emplumadas alçaram vôo. Assim que alcançaram o céu, rapidamente expandiram-se, afastando os ventos e nuvens, talvez para que todos pudessem ver, ou simplesmente porque aquilo incomodava.
Graças à transparência das plumas e a visão aguçada dos aukhemyanos, podia-se distingui-las como musculosas asas de dragões divinos.
E ao se expandirem, revelaram a entidade alada. Uma mulher com 5 m de altura, desconsiderando-se desta medida os oitos chifres curvados, típicos dos Senhores Abissais. Porém eram chifres semi-etéreos, e conectavam-se formando uma coroa. Uma coroa de um mítico, porém esquecido, Celestial. Algo parecido só poderia ser visto nos Arautos do Caos, proles de Celestiais com Abissais. Mas mesmo entre estes, nenhum possuía tais características fundidas desta forma.
Ao lado da coroa de chifres, longas orelhas de lobo-guará altivamente erguiam-se ao céu. Eram tão fofas quanto imponentes. Seus compridos, esvoaçantes e sedosos cabelos cobriam as bases dessas estruturas inumanas. Para completar, uma estranha, porém bela tiara de penas, ramos de flores, escamas e placas. Também flutuavam, ao redor desse adereço, oito dispositivos robóticos, mas parecidos com aglomerados de cristais arcanos.
Cobrindo seu corpo forte e tonificado, mas gracioso e formoso, um duríssimo exoesqueleto sem restringir seus movimentos, pois entre e abaixo das placas, nos poucos espaços livres, ligava-se uma malha de vinhas, veias, cabos, e outras estruturas parecidas. Nem mesmo raças alienígenas ou sobrenaturais poderiam fundir perfeitamente tantos seres e substâncias para imitar essa armadura Lovecraftiana.
Dos longos e firmes braços e pernas surgiam estreitas lâminas. Sabe-se lá quantas peçonhas tais navalhas poderiam inocular. Descobriria-se, tempos depois, que essas lâminas tornavam-se nadadeiras quando submergidas.
Mais abaixo vinha uma cauda de serpente, com pouco mais de 2,6 de comprimento, emplumada, e com um ferrão peçonhento, mesmerizando uma flor exótica. Curiosidade: ele também poderia se dividir, pois algumas espécies respeitavam o número de caudas acima de tudo...
Definir as unhas escarlates de suas elegantes mãos como garras letais seria eufemismo. Apesar de belas, podiam cortar e entalhar de tudo um pouco. Sem falar de sua destreza, especialmente nos pés articulados, que fariam qualquer homem-macaco ou reptiliano passar vergonha.
Finalmente seu rosto. Nem Afrodite, Freya, Ishtar, Ísis, Amaterasu ou qualquer outra réles deusa da beleza ousadamente poderia se comparar. Maravilhoso como um arcanjo, sedutor como um demônio, enérgico como uma fera, cruel como um predador, orgulhoso como um dragão e frio como um autômato.
{Notas do Autor: Eu sei que essa descrição tá estranha, mas tem um motivo. Ou melhor dizendo, seis formosos motivos...}
Mas certamente, seus olhos chamavam muito mais atenção, misteriosamente encantadores. A esclera era uma mistura heterogênea e instável de diversas cores. Sua pupila e íris eram uma única matriz, similar a um Brasão familiar para os aukhemyanos. Uma jóia de mesma aparência encontrava-se sobre seu peito. Mas ninguém tinha audácia para observar esses detalhes.
Mais um detalhe: essa mulher era dourada, com um tom mais claro que os Homúnculos, similar a liga de ouro e prata. Seu corpo, pele, exoesqueleto, asas, cauda, e até ossos, órgãos e afins também possuíam runas, marcas, matrizes, veias e circuitos negros, brancos, amarelos, vermelhos, azuis e púrpuras.
Ela ficou parada por meros segundos, que duraram eons para os aukhemyanos. Definitivamente, aquela era uma Grande Deusa. Uma deusa que fora atacada por eles. Só de pensar em tamanho pecado já desesperava-os.
Madha certamente era o mais assustado. Apesar da nova aparência monstruosa, aquela certamente era sua inimiga. Só não esperava que o rapaz fosse o receptáculo dela.
Então a mulher olhou para baixo, para aqueles com as máscaras douradas, feridos e que ainda tentavam se reerguer para saudá-la, tardiamente.
Normalmente, muitos desses aukhemyanos ficariam ofendidos por uma entidade não lhes dar atenção. Mas ela... Eles sequer queriam um pouco do seu afeto.
Na verdade, recusar o amor dela era uma péssima decisão...
???: "Homúnculos, esta é a forma como recebem-me? Dessa vez passará, mas não admito que meus súditos apareçam pateticamente diante da Sua Soberana."
*estendendo a mão direita*
"Ergam-se para mim, para minha Terra Dourada, sob meu comando. Que assim seja, conforme a vontade do Deus Criador."
Certamente sua voz era da suprema diva divina. Qualquer favor pedido seria entendido como uma ordem imperativa, de tão bela e nobre que era. Densos fluxos arcanos saiam dela, permeando os caídos. Tão densos que até mortais comuns poderiam ver a olho nu.
Os Homúnculos passaram por uma transformação. Um fluido dourado claro os envolveu. Logo após desapareceu, deixando os novos Homúnculos.
Suas formas ainda eram as mesmas, mudando apenas a cor. Todos ficaram completamente dourados, com veias e runas negras pelo corpo. Até mesmo os dois deuses passaram pela transformação. Com exceção de Drácanis, que ganhou runas brancas.
Logo reergueram-se. Então se curvaram e ajoelharam. Agora sem máscaras, com peles douradas e olhos negros, proferiram sua jura de lealdade.
Homúnculos: "Saudações à Primeira Soberana da Terra Dourada! Eterna és, Luz do Deus Criador! Juramos dedicar nossas vidas e lealdades apenas aos Soberanos e seus desejos!"
Suas vozes solenes ressoaram. Graciosamente pousando, a mulher caminhou em direção aos seus súditos dourados. Já não bastasse sua altura, a diferença só aumentou com os súditos ajoelhados, tornando sua figura ainda mais imponente e gigante.
Então ela sorriu.
Um simples, porém honesto e agradável sorriso. Para aqueles que viram, mesmo que por um instante, o nó nas gargantas desapareceram, pois encontraram a paz. Com isso, as pessoas recuperaram a razão e tentavam entender o significado daqueles palavras. Luz do Deus Criador? Primeira Soberana? Terra Dourada?
Alguns aukhemyanos começaram a juntar as peças, principalmente os nomes parecidos. A rainha do Setor da Água foi a primeira a se declarar, à distância. Sua coragem ou, melhor dizendo, sua ignorante audácia, surpreendeu até Madha, que se recuperou do trauma.
Euránia: "*assustada e estupefata* S-sa-sacrilégio! De-demônios, como ousam! Aukhemya não pertence ao Deus Soberano- *arregala os olhos e engole em seco*"
Um único e rápido olhar de canto de olho da mulher bastou para calar a governante do Setor, que inconscientemente sabia ter passado dos limites. Mas a nobre gigante não poderia se importar menos. Ela definitivamente estava de volta à sua casa.
E seres ingratos não iriam incomodá-la.
???: "*sorrindo*Ah! Como pude esquecer de me vestir!"
SNAP!
Com um alto estalar de dedos, sedas, couros e fibras a vestiram. Simples e elaborado, seu conjunto era formado por um vestido, calças, botas, luvas, camisa, colete e um lenço enrolado no pescoço. Sem mencionar jóias e outros acessórios. Claro, os tecidos eram dourados, com o brilho místico das roupas divinas. Pelo menos, talvez para evitar a monocromia, as jóias tinham cores diferentes.
Aliás, este conjunto parecia-se com os trajes de uma certa personificação do Elixir Prateado...
A camisa de botões e mangas compridas tinha rendas, relevos e jóias encrustadas. Sua gola cobria o pescoço, e portava abotuaduras de flores sobrenaturais nas mangas. Seu lenço seguia o mesmo estilo, porém mais delicado, preso por um broche que possuía a matriz de seus olhos. Ambos feitos de um tecido híbrido inigualável, desenvolvido pelas suas amigas tecelãs.
Calças, luvas, botas e colete foram confeccionados usando o couro escamoso e metálico de uma certa Quimera Divina, que também era parte planta, parte artrópode, parte máquina e tantas outras criaturas. Leve, fresco, elástico e resistente, certamente estava no top 5 melhores materiais para roupas. Obviamente, tratava-se de um raro material. Afinal, ela não estava interessada em remover a própria pele novamente só para fazer outras roupas...
Por último, mas definitivamente não o menos importante, o vestido. A saia do vestido chegava aos tornozelos, com quase 3 m de diâmetro, e que possuía uma abertura frontal, para não atrapalhar seus movimentos. O corpo do vestido só cobria seu abdômen, deixando parte da camisa e do colete expostos, e adornado por relevos similares a raízes e costelas. Tanto as mangas largas quanto a barra da saia, a gola arqueada e rígida do vestido terminavam em intricadas rendas e mandalas, que lembravam penas, vinhas, ossos, escamas e jóias. Aliás, essas intricadas camadas adornavam todo o vestido.
???: "*sorrindo* Agora..."
O sorriso desapareceu, deixando apenas seriedade, ira e decepção, finalmente virando-se para Madha e os outros governantes. Ela lhes deu atenção. Uma atenção que trouxe o desespero e horror do Apocalipse.
???: "Vamos conversar."
Ela caminhou em direção aos líderes aukhemyanos, literalmente pavimentando sua passarela com ouro. Eles só poderiam aguardar, pois seus corpos imobilizados pelo temor não permitiriam que fugissem. Ver tal figura dourada, capaz de subjulgar poderosos governantes certamente era uma cena única.
???: "O que foi? Por que estão calados? Engoliram a própria língua? *sorrindo* Ou viram um demônio?"
Seu leve sorriso e tom brincalhão, por mais que fosse honesto e talvez um pouco sádico, só os apavorou. Talvez por causa dos caninos afiados e a língua bifurcada. Gargantas secas e obstruídas, lágrimas avermelhadas e corpos imobilizados mostravam um pouco desse medo.
???: "*aborrecida* Céus, como vamos conversar dessa forma?"
"Aromagi Mirra."
Um perfume quente, apimentado e amargo os envolveu. E em um instante, foram livrados de seus temores. Não sentiram apenas liberdade, como também uma certa devoção. Já não era uma enorme demônia dourada, mas uma-
Madha: "N-não se encantem por meros truques, meu povo! Essa criação demoníaca é o mal encarnado! Rejeitem a tentação..."
Por três longuíssimos minutos, Madha discursou sobre quão perigosa era a demônia. Ele convenceu grande parte da população. Mas aqueles que sabiam da sua verdadeira identidade, por exemplo os Homúnculos e os membros de seu culto, como também aqueles que sentiram o aroma mágico, reviravam os olhos.
É sério isso? Eu realmente acreditava que esse cara era algum santo? Sou mesmo um trouxa para cair nessa conversa.
Pensamentos parecidos percorriam suas mentes.
???: "Já acabou?"
A dama perguntou, cansada das ladainhas. O aukhemyano, com uma audácia magicamente encontrada, continuou.
Madha: "*irritado* Não, não acabei! Como ousa me interromper-"
SNAP!
Madha: "E por isso- mmmm. Mmmm? Mmmmm! MMMMMMMMM!"
Em um estalo de dedos, sua boca fechou. Nem cola instantânea poderia operar tal milagre. Mas antes que finalmente pudesse falar, outros aukhemyanos a indagaram, duvidando de seu caráter sagrado.
Ela apenas os ouviu, parada. Raiva, dúvida, repulsa, desprezo e desdenho... Foram momentos desagradáveis, ouvindo comentários infundados e tóxicos. Mas ela apenas escutava, não os ouvia. Logo, os clamores revoltosos cessaram, já que o povo percebeu a inutilidade dos seus esforços. Só então a senhora falou.
Era impossível não ouvi-la. Não por gritar, menos ainda por causa de todas as câmeras, mas porque sua voz podia alcançá-los, independente de qual plano ou mundo estivessem. Se ela desejasse falar para todos, todos ouviriam, independente de onde encontravam-se. Uma habilidade que aprendeu com seu Pai.
???: "Então, vocês realmente acreditam que eu sou o mal?"
"Acham que sou o Diabo?"
"A criatura que carrega o mal?"
"Que trarei o fim para esta terra?"
"*irritada* E que meu Pai é um deus maligno?"
...
...
*suspira*
Apenas por suspirar, nuvens douradas e raios coloridos cobriram o céu. Os aukhemyanos já estavam a ponto de engolir a própria língua, enquanto choravam sangue e desabavam. Eles sabiam que aquele era um sinal da fúria divina.
"Alegra-me saber que sigam fielmente os ensinamentos dos seus antepassados. Isso é bom, ótimo até..."
"Mas..."
"Eu não os criei tão insensíveis."
"Mais do que meras palavras e ensinamentos, vocês deviam ser capazes de sentir a verdade..."
Conforme falava, sua aura crescia. A aura de uma rainha. Logo, essa poderosa pressão cobriu todo a praça, depois a capital e rapidamente já se espalhava pela ilha. Não demorou muito para que a espessa e perigosa energia cobrisse o arquipélago. Os mais afetados, aqueles carregados de culpa e remorso, sofriam com vômitos de sangue, pressão baixa, taquicardia, devaneios, fraturas nos ossos, músculos e orgãos rasgados... Só não desmaiaram ou morreram porque ela não deixaria que evitassem seu pequeno sermão.
???: "Agora..."
"Vocês sabem a diferença?"
"Agora, vocês sabem..."
"Quem é o verdadeiro salvador?"
Agora todos tinham certeza. Ela era a verdadeira apóstola do Deus Soberano... Não, do Deus Criador. Então, alguns ajoelharam, outros saudaram e muitos louvaram, não à mulher mas ao Deus de que falava. Mesmo que seu poder superasse os demais seres divinos, para ela, somente seu Pai poderia ter tal título. Felizmente, os aukhemyanos instintivamente sentiram isso.
Não foi fácil, já que a maioria se sentia culpada e sofria pelos sintomas citados.
Mas apenas por ver seus arrependimentos, ela novamente sorriu. Dessa vez, um largo e brilhante sorriso terno. As nuvens tempestuosos sumiram, deixando a noite iluminada pelas estrelas brilhantes e a lua, agora cheia.
Nesse momento, a culpa e a angústia desapareceram. As pessoas podiam se mover, respirar e pensar novamente. Seus ferimentos sumiram, como se tudo aquilo fosse uma ilusão. Mas as poças de sangue e outros fluidos comprovavam a temida veracidade do tormento passado.
???: "*sorrindo* Agora que as questões foram resolvidas, permitam me apresentar. Sou Horakthy, a Primeira Soberana de Aukhemya, e aquela que vocês conhecem como Divina Rainhaperatriz."
Os aukhemyanos ficaram atordoados. Já não bastasse sua verdadeira identidade, Horakthy era também aquela que salvaria Aukhemya. Bem, a reação era justificável. Se até o santo era falso, poderia ser possível que todo o resto fosse mentira. Ou talvez eles apenas não recuperaram-se completamente dos últimos eventos.
Mas...
BOOOOOM!!!!!
Raios a atingiram. Os governantes de Aukhemya e os irmãos Vanuris, que estavam próximos, não foram poupados, e sofreram danos. Era um ataque, efetuado por ninguém menos que Madha.
Madha: "*ofegante* Sua... Sua... MALDITAAAA!!! QUANTAS VEZES EU PRECISO TE MATAR PARA ME DEIXAR EM PAZ??!!??!?"
Madha voava, enquanto balançava os braços, e a cada movimento, martelos e lanças de luz surgiam e disparavam. Várias matrizes metralhavam feitiços e projéteis. Sem falar dos pilares que atacavam Horakthy incessantemente. Parecia um louco, mas era apenas seu instinto de sobrevivência.
Era irônico pensar que o poder da Soberana fosse usado contra a mesma. E isso lhe deu uma sórdida ideia, revelada pelo seu sorriso sádico.
Madha: 'Sim, como pude me esquecer... Só preciso fazer como da última vez! E agora, estou mais forte que nunca!'
O Brasão brilhou intensamente, enquanto energias arcanas concentravam nas mãos do aukhemyano da Luz. Ele tentava conjurar uma certa arma, e isso não seria tão fácil. Tanto é que a cadência dos ataques diminuíram, mas não pararam. Ainda era uma investida pesada, a ponto de ocultar Horakthy, que estava em meio ao bombardeio de raios e pilares de luz.
SLAAP!!!
Com uma batida de palmas, as energias combinaram-se, e dessa união surgiu uma grande alabarda dourada. Diferentemente das outras armas mágicas, essa era uma arma de Ouro Celestial maciço, usado para criar as armas e armaduras supremas dos deuses.
Sem dúvidas, era a arma capaz até de matar os seres imortais, superando as armas lendárias dos grandes líderes divinos. Tão poderosa que, aliás, aquela alabarda parecia-se com a usada durante o ataque à Horakthy, e possuia tanto poder quanto.
Os aukhemyanos sentiram a pressão e fugiram. Até mesmo as pessoas nas casas queriam escapar. Mesmo que a Soberana sobrevivesse, eles não teriam tal sorte.
Madha ainda energizou a alabarda, concentrando suas forças e até atraindo nuvens, quase formando um tornado. A alabarda começou a girar como uma serra e, com um movimento, voou para partir sua vítima, cortando o ar, a barreira do som e em seguida causando mais um estrondo e destruição...
Bem, não causou tanta destruição porque a área já estava bem acabadinha...
Madha: 'Finalmente... *suspira* Pelo lado bom, vou poder ver seu sangue e suas entranhas novamente-'
CLANK.
Mas ao invés do som dos órgãos cortados, apenas um barulho metálico. Tão forte fora o impacto que os demais ataques e feitiços dispersaram-se, provocando uma onda de choque e causando ainda mais destruição, ferindo pessoas e algumas mortes, numa área em forma de cone. Felizmente a barreira do Palácio Dourado impediu a propagação dos efeitos colaterais pela ilha, mas toda a parte leste ficou em ruínas, com uma grande fenda no meio.
Os sobreviventes espantaram-se ao ver tal cena. O lugar que resistiu por milênios facilmente ruiu apenas com os meros resultados do ataque.
Então como estava aquela que recebeu o impacto total?
Eles imaginavam o pior. Mas ficaram ainda mais surpresos ao vê-la, a entidade que sobreviveu a isso, firmemente de pé, enquanto segurava, com o braço direito erguido e um forte aperto, a arma causadora daquela catástrofe. Talvez por estar de costas para seu inimigo, enquanto facilmente segurava a pesada lâmina dourada como um graveto, sua grandiosa imagem heróica foi gravada na mente do povo.
Novamente era possível ver Horakthy, mas agora com uma armadura divina completa, ocultando completamente seu corpo, inclusive suas características monstruosas, que foram disfarçadas. As orelhas, chifres e tiara viraram um elmo com uma meticulosa coroa. A cauda encolheu um pouco e fundiu-se ao comprido cinturão. Seu rosto fora ocultado por uma máscara humanoide e inespressiva, cujo olho esquerdo tinha um extravagante monóculo. Mas as pessoas tinham certeza que ela sentia-se indiferente. Sim, aquilo não passava de um chilique infantil para Horakthy. Mais uma vez a Primeira Soberana conquistou o coração das pessoas com sua bravura e imponência!
Ela finalmente falou, ainda de costas para Madha. Por mais que não poderia-se ver seu rosto devido a máscara, pela sua voz, Horakthy estava irritada, aborrecida. Putassa de verdade...
Sua aura crescia. Para os aukhemyanos, era como uma estrela. Madha, porém, só enxergava uma gigantesca e disforme quimera defeituosa de carne, sedenta pelo seu sangue.
Horakthy: "Ei, que porra foi essa? Tu tens a pachorra e a audácia de tentar copiar minha Genesinha, mas faz uma merda destas? Nem o tiozinho da 25 de Março faria algo tão ruim!"
Aumentando a força de seu aperto, Horakthy esmagou a lâmina da alabarda, deixando-a cair, e rapidamente pisoteou a arma. Simplesmente porque ela queria descontar sua frustração, já que Madha ainda não poderia morrer.
Muito menos ter uma morte indolor como essa...
Enquanto pisava, ela rugia, aumentando seu tom e pressão. Lembrando-se que todos em Aukhemya podiam ouvi-la, agora Horakthy parecia uma comandante punindo seus subordinados por incompetência. A cada palavra, uma pisada.
Horakthy: "*irada* Se! Você! Quer! Bater! Em! Alguém! Bata! Pra! Valer!"
"*gradativamente aumentando a força e a velocidade de impacto* É! Falta! De! E-du-ca-ção-e-res-pei-to-fa-zer-uma-merda-dessasCARAIOFEADAPUTADISGRAMADOPORRAINÚTILVAGABUNDOVERGONHACANALHA..."
No final, Horakthy, com olhos em chamas, furiosamente metralhou xingamentos e pisões por mais dois minutos, sendo possível ver apenas vultos de sua perna. A alabarda já havia sido pulverizada a tempos. Ela só queria extravasar sua frustração... Uma reação infantil? Talvez, mas quem teria a coragem para dizer isso?
Curiosamente, apesar da pressão e da força dos ataques, os aukhemyanos não sentiam os choques resultantes, como se alguém tivesse distorcido as leis da física somente para que não houvessem mais danos à Aukhemya...
Claro, também não sentiram qualquer coisinha pois estavam chocados com os maldizeres de Horakthy...
Madha, porém, estava paralizado por outro motivo. Medo. Mesmo superando tantos limites, seu ataque mais poderoso foi inútil. E completamente humilhado. O que mais restava fazer? Ele precisava criar um plano...
Ou será que não...
Horakthy: "*aborrecida, resmungando* Não preciso pensar em nada. *olha para Madha* Seu julgamento já vai começar-"
...
...
"CRETINO MAL EDUCADO! COMO ELE PODE ME DEIXAR AQUI FALANDO SOZINHA?????"
Enquanto isso, Madha já estava a mais de 5000 km de distância. Para aukhemyanos da Luz, atingir altas velocidades não era impossível. Mas já que a física existe, isso poderia ser problemático. Tanto é que seu trajeto ficou... Bem... Marcado...
Hm? Perguntas porque ele mudou de ideia tão facilmente sobre fugir e lutar?
Oras, você também não fugiria se estivesse no lugar dele?
Madha: '
Madha: '*preocupado* Drogadrogadrogadroga... DROGA! Isso não faz sentido! Ela perdeu o Brasão! Ela deveria estar incapacitada! Eu sei que ela era poderosa, mas não desse tanto! De onde caralhos ela conseguiu tanto poder sem o Brasão? Seria por causa daqueles dois? Não... Talvez seja Senethre... Não, naquele dia ela perdeu boa parte dos poderes... Então quem?"
'*arregalando os olhos* SERÁ QUE FOI O DEUS CRIADOR?!???!!! Impossível! Ele não passa de um espectador! Ele nunca fez nada além de criar Horakthy e os Monarcas! Mas só ele teria tanto poder para fazer isso...'
'*cerrando os dentes* Ah, e daí?! O mundo já não é o mesmo Horakthy! Enquanto você estava fora, os deuses tomaram tudo! E com o poder do Brasão...'
Ele sorriu. Madha finalmente via uma luz em meio à sua escura situação. Tirando Horakthy, nenhum deus poderia pará-lo. Nem mesmo os grandes senhores, como Zeus, Odin ou o Imperador de Jade conseguiriam derrotá-lo.
ZUUUUOOOMMM
'Sim, sim, sim! Finalmente atravessei a fronteira! Horakthy pode ser uma inimiga formidável, mas apenas dentro de Aukhemya! Agora, para onde eu vou?'
Horakthy: "*com uma voz perversa e charmosa* Te achei..."
Madha: "Que- GAAAAAHHHH"
Em um instante, ele sentiu seu tórax sendo esmagado pelo aperto de uma garra monstruosa, coberta por escamas, carne e fibras.
Horakthy: "*alegre* Fique tranquilo! Aprendi uma técnica excelente com o Lúcio. Você não vai se ferir mas... Hihihi... Ainda vai doer um pouco... HAHAHAHAHA!!!!"
Madha: "S-sua- GYYAAAAAAAHHHHHGH"
Mais garras surgiram e o capturaram. Com um breve olhar, Madha viu inúmeras mãos monstruosas e douradas de Horakthy segurando-o. Ele olhou para trás, mas não a viu, exceto um portal.
Horakthy: "Venha aqui!"
Madha: "*apavorado, lentamente sendo puxado pelas mãos* NÃO, EU NÃO QUERO VOLTAR!"
Horakthy "*rindo* Tolinho, não vamos voltar para Aukhemya. Estamos indo para o seu julgamento."
Madha foi puxado pelo portal, que fechou e desapareceu. Tudo estava calmo novamente, como se nada tivesse acontecido.
Mas logo após, alguns deuses chegaram ao lugar.
Zeus: "*irritado* Droga, estava aqui a pouco..."
Rá: "*suspiro* Parece que chegamos tarde."
Tezcatlipoca: "*desanimado* Voltamos ao ponto inicial..."
Odin: "*irritado* E daí, vão desistir?"
Sucellus: "*esbravejando* Odin tem razão! Aqui com certeza tem algo!"
Amaterasu: "Hmpf, no meio do oceano Atlântico? Nem Atlântida ou Avalon poderiam estar tão escondidos..."
Imperador de Jade: "Fiquem tranquilos. Falando em Atlântida, Poseidon, Susanowo e os outros deuses dos mares já estão chegando."
Tezcatlipoca: "E vocês confiam neles? Se estiver no oceano, eles serão os únicos-"
BOOOMMM!
???: "O que fazem aqui?"
Os deuses escutaram uma voz masculina, vinda de nuvens de tempestade. Não dava para discernir quem era. Apenas que pertencia a um ser superior. A voz ressoava entre as nuvens e os raios.
Tezcatlipoca: "*suando frio* Zeus, Odin, agora não é hora de brincadeiras."
Zeus: "*com calafrios* Imbecil! Não somos nós-"
???: "SILÊNCIO!"
Eles calaram. Os Grandes Deuses, governantes do céu e do mundo, calaram-se.
???: "Dessa vez, vou deixá-los partir. Mas não contem com a mesma sorte novamente. Isso serve para vocês no oceano também."
Então Poseidon e os outros deuses marinhos apareceram. E não pareciam melhores que os demais.
Poseidon: "D-desculpa irmão. Ele nos pegou..."
Sucellus: "COMO OUSA?! NÓS SOMOS- AAAAAAAAHHHH"
Não apenas o deus celta da agricultura, mas os outros deuses grunhiram com a súbita dor. Icor escorria de seus poros, ossos e dentes rangiam e órgãos ardiam. Escapar? De jeito nenhum.
???: "*irritado* Vocês se declaram deuses, mas são tão gananciosos como humanos. Eu deveria matá-los agora, mas este não é o desejo de minha amada, muito menos do meu Senhor-
*feliz* Querida, você chegou!"
Iluminando a noite escura, as nuvens ficaram douradas, e os raios também mudaram de cor. Negros, amarelos, escarlates, verdes e tantas outras cores. Já não bastasse o tempo piorou, tornando-se verdadeiramente caótico, com ventos fortes, mar revolto e uma aura esmagadora envolvendo tudo. Uma nova e poderosa entidade entrou em cena.
???: "*com ternura* Oh, aqui está você. Eu estava te procurando... *com um tom perigoso* Mas parece que temos alguns invasores..."
Dessa vez era uma mulher, e ainda mais perigosa. Agora, os deuses não apenas sentiam dores excruciantes, como claramente percebiam seus corpos sendo mutilados. Ela então falou novamente, mas agora eles ouviam até dentro de suas Animas Divinas.
???: "*irritada* Por agora, vocês podem me chamar de Luz. Eu já estou aborrecida com outras coisas, e a presença de vocês não está ajudando... *alegre e bem humorada* Ah, já sei! Vocês vão verdadeiramente se converter e seguirem o Senhor, e aí o problema tá resolvido!"
Que absurdo! Um disparate! Quanta ousadia! Mulher impetulante!
Pensamentos parecidos correram a mente dos seres divinos. O que ela pedia era simplesmente aceitar se tornar servo de uma entidade qualquer.
Aquilo foi a gota d'água, principalmente para aqueles com pavio curto.
Zeus: "*cerrando os punhos* DANE-SE! EU SOU O REI DO OLIMPO."
Zeus superou inúmeros desafios. Desde as guerras contra os Titãs aos conflitos com os demais deuses, o senhor dos raios também venceria mais essa provação, libertando-se do poder dessa criatura desconhecida.
Odin: "*ofegante* Como... Governante... De Asgard... Eu... Não posso... ACEITAR ISSOOO!!!!!"
Pouquíssimos deuses eram tão experientes quanto Odin. Para o nórdico que viu a criação do mundo, e que finalmente descobriu uma forma de vencer o Ragnarok, ele não se permitiria perder para aquela mulher sem lutar como o guerreiro que era.
Sucellus: "*fraquejando* Nós somos os Grandes Deuses, os Reis Celestes! Nunca iremos nos curvar a um deusinho fajuto- Nghggghhhh"
Badum!
BADUM!
BADUM!
Suas línguas e gargantas secaram. Seus olhos estouraram. E os tímpanos foram rompidos. Mesmo assim, os deuses ainda podiam ouvir seus corações fracos, graças às Animas. Mas também devido ao poder de suas almas divinas, eles veriam algo que os assombrariam por éons.
Avistaram um par de gigantescos olhos coloridos, cujas cores mudavam constantemente, observando-os. E em suas írisis havia uma matriz única. Cada olho tinha o tamanho de uma galáxia. Então, quão colossal era sua dona?
O que eram os deuses perto do cosmos? Sequer poderiam se comparar a grânulos de pó.
Mais uma vez a mulher falou, agora com uma voz assustadora, quase monstruosa.
Luz: "Não estou pedindo..."
"Estou mandando..."
"Agora..."
«⟨DE JOELHOS.⟩»
Dessa vez, todos os mundos ouviram. Deuses no céu, demônios no Abismo, mortos no Submundo... Até os mortais comuns na Terra sentiam a necessidade de reverenciar algo. Mas aqueles que conheciam o outro lado, sentiram algo mais. Principalmente aqueles deuses que estavam no local.
Inferioridade.
O que quer fosse aquilo, só poderia ser definido como o mais poderoso monstro. Seres como Apophis ou Tiamat pareciam minhocas perto da Serpente Infinita. Ymir e Gaia não passavam de pirralhos ao lado da Primeira Criação. Tanto Mictecacihuatl quanto Izanami eram patéticas perante os olhos da Executora de Deus.
Mesmo aqueles deuses, que estavam no topo de seus panteões, imediatamente se ajoelharam no ar. Se a pressão já era esmagadora, naquele momento estava definitivamente insuportável. Sequer podiam gritar, porque não tinham voz. Mover? Impossível. Seus corpos já estavam mortos e em frangalhos. Isso, é claro, não significava que a dor fora apaziguada, muito pelo contrário. Luz impediu que suas Animas retornasse. para reviver, segurando firmemente suas almas para que ouvissem e sentissem sua mensagem.
Já as reações das demais pessoas pelos mundos, essas ficam para outro dia...
Luz: "Esta terra não pertence a vocês. Eu queria estourar suas almas agora, mas não é isso que meu Senhor ordenou."
"Agora sumam..."
"E NÃO VOLTEM MAIS."
Finalmente separando as Animas dos cadáveres divinos, ela as lançou milhares de quilômetros para qualquer canto longe de lá. As tempestades enfraqueceram, enquanto os corpos eram coletados. Parecia uma simples noite chuvosa no Atlântico.
Então Luz começou a conversar com a outra voz, como se fossem amantes contando como foi seu dia. O que, aliás, era exatamente o caso...
???: "*empolgado* Maravilha! Então, você vai fazer uma nova quimera com essas amostras?!"
Luz: "*um pouco triste* Não, infelizmente vou precisar da energia desses corpos depois... *recuperando o bom humor* Mas tudo bem! Os itens deles sempre são úteis pra alguma coisa!"
???: "*rindo* Pffff, só você mesma para gostar dessas bugigangas."
Luz: "*com deboche* Meh, essas coisas são bonitinhas! E além do mais, nossas crianças vão adorar os brinquedos novos!"
???: "*confuso* Hein? Tá falando da Albedo? Ou da Citrinitas? As duas são as únicas que ainda se interessam por essas coisas."
Luz: "*alegre* Hahaha, não tolinho! Tô falando do nosso novo casalsinho!"
???: "Huh? Ah tá- E-EE-EI, CALMA AÍ! Tá falando deles?! Olha, eu gosto muito dos dois, mas chamá-los de 'nossas crianças' não é um pouco estranho?!"
Luz: "Ah, qual é o problema de chamá-los assim? Às vezes sinto falta de ver as crianças brincando lá em casa. Electrumitas e seus irmãos não se interessam por nada além de Alquimia e pesquisas!"
???: "*desanimado* Exceto a Nigredo."
Luz: "*séria* Putz, têm razão, ela não tem jeito mesmo... *animada* Mas eu a amo exatamente por isso!"
???: "E as outras meninas?"
Luz: "Ugh... Elas são minhas irmãs agora, então seria muito estranho..."
???: "*desconfiado* Aham, sei... E aquele rapaz, o que herdou os olhos de Senethre?"
Luz: "Oh não, aquele malandrinho só aceita a minha maninha como avó!"
???: "*suspira* Não tem jeito... Bem, já não está na hora do julgamento?"
Luz: ...
???: "Você esqueceu do julgamento, não esqueceu?"
Luz: ...
???: "HAHAHAHAHAHAHHAA, você realmente esqueceu do julgamento!"
Luz: "*chateada* O-o-o que eu posso fazer?! Eu prefiro ficar com você ao invés de ver aquele narigudo de novo! Mas já que você não gosta da minha presença... *saindo*"
???: "*preocupado* E-eu, eu tava brincando! Horakthy, era só uma brincadeira! ESPEERAAAA!!!!!"
[...]
Madha abriu os olhos com um sobressalto. Após Horakthy capturá-lo, ele ficou inconsciente. Naquele momento, encontrava-se sentado em um pequeno morro gramado com flores silvestres, sob o céu estrelado.
Madha: "Onde..."
???: "Aqui é um pequeno espaço do Céu, mas hoje vai servir para o seu julgamento."
Virando-se com susto, o aukhemyano encontrou um homem com pouco mais de 30 anos. Usava roupas normais, sendo a peça mais extravagante o longo sobretudo preto.
Madha: "Quem és tu? Nunca o vi em Aukhemya."
???: "Não se preocupe com isso. Quase ninguém me conhece. Nem mesmo os Monarcas sabem da minha existência. Então duvido que um aukhemyano poderia saber. Enfim, pode me chamar de Sophiel."
Madha: "Esse nome... Então és um dos anjos?"
Sophiel: "Haha, não não. Apesar do nome, não sou como os outros servos do Deus Criador. Bom, que tal começarmos logo com o julgamento?"
SNAP!
O morro sumiu e, no lugar, apareceu o interior de uma luxuosa casa. Era a casa onde Madha nasceu. Foi então que ele literalmente viu sua vida passar diante de si. Novamente...
Enquanto acompanhava tudo, Horakthy, que finalmente juntou-se ao evento no lugar de Sophiel, fazia comentários para o Madha mudo, incapaz de retrucar ou falar sobre a própria vida.
Horakthy: "Antes de começarmos, queria te avisar que você não vai ver apenas do seu ponto de vista. He, talvez você tenha algumas surpresas."
"Enfim, vamos começar! E é claro, isso significa seu nascimento."
...
"Você teve uma infância normal. Boa até."
...
"Seus pais, apesar de algumas dificuldades e conflitos na loja deles, viviam bem e felizes."
...
"O primeiro dia de aula sempre é o mais emocionante- Mmm, então estes são seus velhos companheiros? E pensar que seus comparsas eram de longa data..."
...
"Awn, vocês ficaram fofos com essas fantasias do teatro!"
...
"Uuuuiii, que queda feia... Parece que quebrou uns ossos..."
"Essa garotinha, do lado da sua cama, não era a..."
"Entendo, até você pode amar..."
...
"Foi uma infância feliz. Agora para a adolescência."
"Meh, vida escolar normal- OOOOHH, SEU PRIMEIRO BEIJO!"
...
"Mmm, Você se metia em um bocado de brigas..."
...
"Meus parabéns por conseguir a medalha de ouro em esgrima. Agora por que nunca te vi usando uma espada?"
...
"E finalmente você se tornou o mais popular do colégio. Mas e o seus amigos?"
"Mmm, apesar de deixá-los comendo poeira com seus sucessos e notas, você não se esqueceu deles. Que bonito..."
...
"Festa escolar- OK, NÃO ESTOU INTERESSADA EM VER SUA PRIMEIRA TREPADA COM A NAMORADA!"
...
"Meus pêsames pela morte do seu avô. Parece que, na verdade, foi por causa dele que você aprendeu a usar lança e martelo de guerra, e não porque invejava Iehnyril..."
...
"Ah, a formatura. Então você assume os negócios da família- Não, você não quer saber de ser comerciante... Parece que é aqui onde as coisas desandam..."
...
"Cada um dos seus amigos segue o próprio caminho. Até sua namorada vai embora... Ah, na verdade foi por causa dos pais dela... Mas você não quis enxergar isso, e a odiou por tanto tempo..."
...
"Opa, discussões com os pais. Mais um pouquinho e... Tá aí, você saiu de casa."
...
"Apesar de tudo, seus pais respeitaram sua decisão e resolveram te ajudar pelas sombras."
...
"Você não tem um lugar para morar e parece que vai acabar trabalhando em um mercado. Pfff, que irônico..."
"Espera, esse aqui é... Ah, então foi assim que você conheceu Iehnyril..."
...
"Tenho que admitir. Vocês dois formavam uma bela dupla..."
...
"Oh, parece que você não sabia disso... Então, como se sente ao saber que você só conheceu Iehnyril porque seus pais ficaram preocupados e pediram para que ele cuidasse de você? Mesmo assim, você continuou com raiva deles... *suspiro*"
...
"Não! Não pode ser! NÃO É POSSÍVEL! Foi você que ensinou meu irmãozinho a cozinhar?! NUUUUUM CREIO!"
...
"Hum, vocês estavam aproveitando mais um dia na casa dele- EEEEEEIIITA! É A SUA EX! E ELA APARECEU COM UM NOIVO!"
"O noivo era um aukhemyano das Trevas... Isso explica algumas coisas..."
...
"Ooooh, você quer esclarecimentos!"
"Ah, então ela foi forçada a se casar com o tal sujeito. Clássico."
"Foi então que você criou seu plano... Mas você precisava de ajuda..."
...
"Como imaginei. Seu primeiro parceiro não poderia ser outro além do seu primeiro e melhor amigo de infância. Ele se tornou um artesão habilidoso, como a maioria dos aukhemyanos da Terra. Parecia um sujeito gentil. E influente."
...
"A próxima cúmplice era sua outra velha amiga, uma pequena gracinha da Cidadela do Vento. E veja só! De menina do campo para administradora, gerente e até assassina particular! Mas... Você nunca soube do amor dela por você..."
...
"Por último, mas não menos importante, o aukhemyano do Fogo. Ele tinha mesmo um coração ardente e sentimental de um guerreiro. Ele seguiu o caminho militar e se tornou um sábio capitão. Foi uma boa decisão colocá-lo como general da sua milícia."
...
"E agora que a turma está reunida, você começou suas maquinações para recuperar a namorada. E, olha só, mais uma vez a ironia! Suas habilidades de comerciante foram bem úteis! Criando conexões, estabelecendo posições para seus aliados na elite aukhemyana, e eliminando aqueles que não poderiam simplesmente morrer."
...
"Mas, o filho pródigo à casa torna. Seu pai adoeceu, sua mãe já não dava conta do serviço, e os outros parentes já almejavam a grande loja geral no centro da capital."
"Querendo ou não, isso te ajudou a tomar sua ex se volta."
...
"Enfim, após tantas dificuldades e perrengues, você recuperou sua garota!"
"Olha, que lindo casamento!"
...
"Sua vida estava indo muito bem né? Dinheiro, fama, amigos de verdade, e o mais importante: uma família."
...
...
Horakthy: "Mas, isso não era o suficiente para você."
"Você queria mais."
"Estar no topo de Aukhemya não bastava."
"Aí você decidiu virar um deus."
...
"Você conseguiu lidar muito bem com a situação, usando suas mentiras e boatos."
"Seus amigos tinham dúvidas, mas preferiram confiar, que era possível e que isso era o certo. Mas eles apenas caíram na ganância e na sede por poder."
...
"Tudo isso só foi possível porque você descobriu um ritual antigo para roubar nossos poderes."
"A princípio, você almejou tomar os poderes de Iehnyril, mas viu que não seria o bastante. Obviamente, eu seria o melhor alvo."
...
"Seu plano continuou se desenvolvendo até aquele fatídico dia..."
...
"E depois? Você teve seu corpo e alma selados como um demônio, enquanto o resto dos seus amigos viviam suas vidas."
...
"Os aukhemyanos da Luz viraram os Celestiais. Mas isso só serviu para... Bem, não importa."
...
"*irritada* Os aukhemyanos das Trevas e minha irmã foram para o Abismo."
...
"Seus amigos continuaram a dominar Aukhemya na ausência dos meus irmãos mais novos. Claro, não foi nada fácil no começo, mas mudando a forma como a história é contada, em poucos milênios, chegamos ao ponto em que estamos."
"Talvez porque o fez com raiva, o selo de Senethre estava imperfeito. Tanto é que após séculos, você despertou e continuou a influenciar as pessoas, principalmente os tolos que construíram uma igreja em sua homenagem."
"Com o selo enfraquecendo, apesar de levar vários milênios, algum dia você se libertaria. Mas até lá, todos já teriam esquecido do passado e você poderia viver como um deus na terra."
...
"Mas e seus amigos? Ou aqueles que você sacrificou? Essas pessoas nunca foram importantes para você, né? Um narcisista mesmo."
"Em algum momento você pensou em como suas ações afetariam a vida daqueles ao seu redor, como a sua esposa..."
"Ou seu filho?"
Madha enfim reagiu. Ele ficou calado enquanto revivia tudo, mas a menção de um filho desconhecido afetou-o ainda mais. Isso acendeu uma luz nos olhos já brilhantes e coloridos de Horakthy. Uma luz de esperança. E talvez sadismo.
Madha: "*pasmo* O que... O que disse?"
Horakthy: "Bem, isso não importa mais. Você pode pensar sobre isso no seu lugar de penitência."
Ela alçou vôo, expandiu suas asas e em um tom solene proferiu a sentença.
Horakthy: "Madha des Astras Luxterion, seus pecados são pesados demais. Pelo que fez à minha família, a prisão eterna no Inferno é pouco. Mas a misericórdia do Senhor, o Deus Criador, é infinita. Doravante você será enviado para o Purgatório para que algum dia possa entrar no Samsara, onde poderá ter uma nova chance. Até lá, seus pecados serão cobrados."
O aukhemyano da Luz não ouviu. Ele só pensava no filho que nunca conheceu, que talvez tivesse sido concebido em sua penúltima noite antes da sua prisão. Somente quando ouviu os gritos das almas no Purgatório que saiam do portal para a dimensão atrás dele, é que Madha relembrou da sua situação.
Madha: "*sendo puxado pelas almas para o Purgatório, desesperado* Não... Não... Não! EU NÃO POSSO IR PARA ESSE LUGAR! EU TENHO QUE ENCONTRÁ-LOS!"
Horakthy: "Desista. Agora só lhe resta pagar pelos seus-"
Madha: "*desesperado, quase enlouquecendo* MINHA FAMÍLIA! EU QUERO VER A MINHA FAMÍLIA! HORAKTHY, EU QUERO VÊ-LOS! *chorando* Minha família... Meus amigos..."
Horakthy: "*suspira* Vá. Espero que talvez algum dia você possa encontrá-los. E que não cometa os mesmos erros-"
Foi quando Madha disse um nome. Um nome que apenas o Deus Criador poderia saber. Ou talvez um certo casal humano.
Mais rápida que a luz, como se tivesse rompido o espaço, Horakthy apareceu na frente do homem. A Primeira Criação de Deus nunca esteve tão irritada. Seus olhos ficaram completamente negros, exatamente como a escuridão da Monarca das Trevas. Já não bastassem todos os problemas que causou, aquele sujeito quebrou mais um tabu. Talvez o pior de todos.
Horakthy: "Onde? De quem? Como? Desde quando sabe esse nome?"
Madha: "*confuso* O que..."
Horakthy: "*rugindo* NÃO MINTA PARA MIM!"
Olhando diretamente para os olhos de Madha, ela viu a alma do infeliz, suas memórias inclusive. Mesmo assim, Horakthy não obteve todas as respostas.
Horakthy: "*suspira* É inútil... Purgatrio, leve-o daqui. E avise Aleister para me encontrar em Aukhemya daqui a sete dias. Diga... Ah, você sabe o que tá acontecendo, e sabe como lidar com seu mestre. Informe Vafram e Ninaruru também."
Três criaturas parecidas com demônios de fogo, sendo um magro e alto, o outro um baixinho e gorducho, e o último era enorme e musculoso. Os três assentiram em sincronia e seguiram para a terra de penitência, arrastando o aukhemyano atormentado.
Mas antes que Madha deixasse esse plano, a Primeira Criação estendeu sua mão e agarrou algo luminoso que esteva com ele.
Horakthy: "Só estou pegando o que é meu de volta."
Ele tentou reagir, mas já era tarde, os três demônios o puxaram, e o portal fechou. Criando uma poltrona do nada, Horakthy desabou.
Horakthy: "*cansada* Aaaahhh, acabou... E no final, Madha foi apenas mais um corrompido... *tocando no peito* Maninha, o que você achou desse final? Gostou? Acho que você iria querer brincar com ele mais um pouco... Mas e agora?"
Sophiel: "*sorrindo, aparecendo ao ladoda poltrona* Agora você poderá viver novamente com sua família! E com as novas crianças."
Horakthy: "*sorrindo* Oh, aí está meu homem! E que história é essa de Sophiel?"
Sophiel: "Haha, não é qualquer um que pode saber o meu nome. Muito menos um homem morto."
Horakthy: "*puxando Sophiel pelo braço, colocando-o em seu colo* Oh, vejam só, meu querido amante está muito travesso hoje. Pai, acho que estou influenciando demais esse pedaço de mau caminho! Me perdoe-"
Sophiel: "O-ooi, calma lá! Por mais que eu adoraria seus carinhos, não se esqueça que esse corpo não é só seu!"
Horakthy: "Ih, tem razão! Como é que eu iria lidar com o pobre Endimião?"
Sophiel: "Não se esqueça dos outros dois."
Horakthy: "É mesmo. E falando neles, tenho que ir."
Sophiel: "Não se esqueceu do seu Brasão, certo?"
Horakthy: "Claro que não."
Ao exibir seu Brasão acima de sua cabeça, Horakthy parecia completa, como um mundo iluminado pela vida. Foi quando ela revelou sua forma verdadeira.
Sophiel: "Já te disse que és a mais bela Criação?"
Horakthy: "Hmmm, já! Mas nunca me canso de ouvir!"
Sophiel: "Ah, você se alimentou corretamente?"
Horakthy: "*com sarcasmo* Sim mamãe, eu comi todos os deuses do meu prato!"
Antes de descer novamente à sua Terra Dourada, ela ouviu mais uma voz de alguém querido, o que a assustou e a fez tropeçar em suas asas.
???: "Cuide bem deles, minha filha."
Horakthy ficou surpresa e então sorriu, já que não imaginava encontrar seu Pai pouco antes de partir.
Horakthy: "Como o Senhor desejar- Não... As you like, my pleasure!"
???: "Vocês viraram bons amigos. Vá em paz, minha filha."
[...]
{Notas do Autor: CAAAAALMA QUE AINDA NÃO ACABOU! Agora começa a cena final do primeiro volume, e para um momento tão especial, uma música especial! Bem, Webnovel não permite adicionar música, então só ponha tua playlist favorita. MAS! Teve uma música que eu imaginei para essa cena... Ou uma cena para essa música? Enfim, irei colocar os tempos da música ao longo da cena, então é só mudar para os mesmos minutos que aparecerem.}
{Música: Tears of the Dragon, de Hiroyuki Sawano.}
{P.s.: Quem manja do assunto sabe que esse cara só compõe música épica! Se tu não manja, ele é só o sujeito que fez as soundtracks de Attack on Titan, Guilty Crown, The Seven Deadly Sins, 86 Eighty-Six e outras obras. ENTENDEU SEUS ORELHUDO? (pq meti uma do Neto? NÃO SEI!)}
Certamente foi um dia agitado em Aukhemya. De manhã, só se ouvia notícias sobre a prisão de cultistas adoradores de demônios. Durante o almoço, as pessoas foram informadas sobre a execução dos mesmos à tarde. E quando finalmente chegou à tarde... Bem...
Primeiro foi a aparição das armas lendárias do santo aukhemyano. Depois, o surgimento do monstro dourado, que foi ofuscado pela libertação de São Madhael. Logo em seguida veio a luta.
Só isso já seria o bastante para que ninguém dormisse naquele noite. Mas ainda não era o suficiente.
Logo veio o grande evento. O despertar da verdadeira santa, a Divina Rainhaperatriz. O povo sentiu seu poder e logo pensaram que ela era uma deusa.
Agora, alguns dos poucos repórteres sãos tentavam narrar os fatos. Mas como isso seria possível? Em uma única noite, uma nova entidade revela que tudo o que os aukhemyanos acreditavam era mentira, e mais de um sexto da capital estava em ruínas. As pessoas ainda levariam algum tempo para reagir apropriadamente. Se é que é possível determinar uma reação apropriada para tanto...
Repórter: "Foi um evento generalizado, Sidmas. Segundo o que está sendo postado nas redes sociais, após o repentino sumiço da Divina Rainhaperatriz, todos ouviram o que parecia ser sua voz ordenando algo. Alguns dizem que ela teria pedido que as pessoas orassem a Deus, outros dizem que ela ordenou que a reverenciássemos... Há até quem diga que ela queria que nós confessássemos e nos arrependêssemos dos nossos pecados."
Sidmas: "*falando no telejornal* Parece que cada um entendeu de um jeito diferente Osmar. Mas uma coisa é certa: todos nós ficamos assombrados com o que aconteceu."
Osmar: "Exatamente Sidmas! Agora só nos resta descobrir o que houve e quando-"
Horakthy: "Hã, vocês estão falando daquela hora? Ah, só fui pegar um fugitivo. Mas então apareceram uns pé-rapados e eu tive que colocá-los no lugar."
Osmar: "O que a senhor- A-A-A DI-DI- A DIVINA RAINHAPERATRIZ VOLTOU!"
Ela retornou, aparecendo ao lado do repórter como um cidadã curiosa. As câmeras, luzes e atenções voltaram-se para Horakthy, que ainda usava sua armadura. Mais uma vez as pessoas aproximavam-se, não muito, seja por respeito ou medo, e rapidamente toda área ao redor apinhava-se de fiéis e curiosos.
Orações e murmúrios inquietavam a outrora praça da igreja matriz. Flashs e luzes iluminavam o espaço, por mais que era um tanto inútil, já que a Primeira Soberana brilhava por si mesma.
Horakthy: "Por favor, se acalmem e me escutem!"
As rezas continuaram.
Horakthy: "*tentando manter a paciência" Um momento por favor!"
...
Sem resposta.
Horakthy: "*aborrecida* SILÊNCIO!"
...
Foi super efetivo!
Horakthy: "*suspira* Entendo e agradeço a disposição de todos em demonstrar sua fé, mas no momento tenho uma mensagem importante. Boa parte do que acreditavam era mentira ou foi encoberto por forças malignas antigas. Mas isso vai mudar."
"Apesar de tantas mentiras, algumas dessas histórias são verdadeiras. Por exemplo: a Divina Rainhaperatriz anuncia os novos Soberanos de Aukhemya, que trarão mudanças e prosperidade à esta Terra Dourada."
"Então, que tal começarmos?"
Horakthy saltou e flutuou, ficando um pouco acima do palácio. Nesse momento, a Primeira Criação abriu suas asas, estendeu suas mãos e o seu Brasão surgiu entre elas, brilhando como um cometa na noite estrela.
Os mais atentos reconheceram o símbolo de luz como aquele que o falso santo exibia. Mas este com Horakthy era diferente. Estava completo, e parecia feliz, já que voltou para sua dona.
{0:00 - 0:29}
Horakthy: "*solenemente* Luz e Trevas retornam à Terra Dourada. Nem dia ou noite, para este evento único, somente o eclipse primordial é adequado. Modele mais uma vez o caos disforme. Vá e brilhe como a estrela da nova era. "
Enquanto recitava, as forças arcanas do mundo concentravam-se naquele ponto, naturalmente criando um vórtice de tempestade. O Brasão assemelhava-se a uma estrela, tamanha era a luz que emanava. Mas a conjuradora cagou pra isso.
{0:30 - 0:44}
A terra tremia, o vórtice tornava-se um furacão e fluxos de energia corriam para a esfera luminosa. Até alguns prédios que mal estavam de pé foram tragados, desobstruindo o céu caótico.
{0:44 - 0:59}
Então o primeiro ato do espetáculo começou. A princípio pareciam vultos, mas logo tomaram forma. Eram espíritos e seres etéreos que seguiam para o centro da tempestade, acima do agora pequeno sol nas mãos da Primeira Soberana.
Mais e mais projeções de entidades surgiam, de seres cada vez mais poderosos. Desde os Seis Filhos de Ouroboros às Rainhaperatrizes. E por fim, os Monarcas.
{1:00 - 1:29}
Os preparativos para a recepção da luz divina foram concluídos. Pensando em tudo que aconteceu e o que estava por vir, ela não poderia deixar de sorrir. Até cantarolava de alegria e empolgação. Horakthy enfim empurrou seu Brasão para o centro da tormenta celeste.
Horakthy: "Primus Eclipsis!"
O orbe foi tragado, e ridicularizando a catástrofe anterior, causou ainda mais raios e tempestades.
{1:29 - 1:31}
Mas então, tudo parou.
{1:32 - 2:02}
FUHOOOOMMMM!!!!
A tempestade implodiu, e deixou o Céu do Gênesis como presente. Novas e antigas constelações e galáxias pintavam o eclipse. Corpos celestes surgiam e colidiam, explodindo e criando novos sistemas estelares. Cometas riscavam a abóbada celeste.
Talvez a melhor e pior forma de descrever o espetáculo seria como se o Deus Criador tivesse feito fogos de artifício para uma festa.
Sim, era o maior espetáculo já visto pelos aukhemyanos. Por toda Terra Dourada, as pessoas saiam de casa para ver a maravilha criada.
{2:02 - 2:45}
Horakthy então voou para o palácio e a igreja. Apesar de alguns grandes danos, as construções resistiram a tudo.
Mas por pouco tempo.
Horakthy: "Uma mera choupana e um centro de paganismo não ficaram sobre a minha morada e o altar do Criador.
"Erga-se, Palácio de Eldland e Jardim do Éden."
Tremores. As construções imóveis balançaram, verdadeiramente ameaçando cair. Os aukhemyanos já estavam demasiadamente atordoados para ficaram espantados com a visão da queda dos "eternos" monumentos.
{2:45 - 3:18}
BOOOOOOOOOOMMMMM!!!
BOOOOOOOOOOOOOMMMMMMM!!!!!
O palácio e a igreja foram lançados às alturas por um gigantesco aglomerado de metal dourado, que rapidamente rompia o solo e expandia-se, ocupando seus antigos lugares. A forma dourada continuou a subir, enquanto as antigas construções caíam e reduziam-se à escombros. Certamente era uma cena épica, digna dos grandes hinos e cânticos das guerras lendárias.
CRAACKA-BOOMMM!!!!
{3:18 - 3:46}
Agora, reerguendo-se ao céu iluminado, a imponente moradia dos Soberanos ressurgiu. Nenhuma construção no mundo poderia equiparar-se. Nem mesmo no Olimpo, Asgard, Heliópolis ou Takamagahara existiria um palácio como esse.
E flutuando acima das nuvens, opedaço de um certo jardim sagrado...
Horakthy sorriu. O jardim e sua casa estavam de volta. Só restava um último detalhe para resolver.
{3:46 - 4:16}
A antiga e nova santa voou novamente para o centro da capital e convocou sua alabarda. A arma emitiu raios dourados com centelhas coloridas de sua ponta afiada. Mas o melhor ainda estava por vir.
Usando-a como ferramenta mágica, Horakthy desenhou runas e matrizes no céu, segurando e balançando a pesada "ferramenta de inscrição" como um pincel sem esforço. Não porque podia ignorar a gravidade, mas devido à sua irracional força física.
Logo sua magia estava completa. Uma intricada mandala de linhas e círculos mágicos crescia sobre o arquipélago aukhemyano. Mas bem, com o encantador céu caótico, poucos notaram este detalhe.
E falando em detalhe, o último preparativo fora concluído.
"Quebra de Estigma, Barreira do Prólogo."
UOOOOOOOOOHHHHHMMMMMMMMMMM
A grande magia brilhou e desapareceu.
{4:16 - 4:46 (Fim da música)}
Enfim, tudo estava acabado.
Agora, ela poderia descansar e deixar tudo nas mãos do seu novo casal favorito. Era o que Horakthy pensava, enquanto despencava do céu.
...
...
Ao verem a Soberana caindo, os Homúnculos instintivamente correram em direção ao palácio. Alguns aukhemyanos, inclusive um repórter, notaram a movimentação. E logo perceberam o motivo.
Segundo os comentários de uma certa Monarca, foi divertido ver os rostos de preocupação dos aukhemyanos. Então, poderia ter sido isso uma brincadeira da Primeira Luz? Talvez nunca saberemos...
Por coincidência (ou não), Horakthy caiu sobre o jardim flutuante. Já que o telhado era mágic- etéreo, ela graciosamente se esborrachou como um tomate na grama. Um tomate de algumas toneladas.
Felizmente, ninguém viu isso... Oi talvez não...
Horakthy: "Desculpa Édenzinho, estraguei o gramado..."
...
Horakthy: "Awn, você sempre é tão compreensível, mesmo quando venho com as minhas estripulias..."
...
Horakthy: "Expressão brasileira. *suspira* Queria poder descansar aqui..."
...
Horakthy: "Sim, sim, eu tenho que deixar alguns recados para os douradinhos..."
...
Horakthy: "Exato, é o sujo falando do- HEY! O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?!"
...
Horakthy: "Aham, sei... Vou fingir que acredito. Bem, vou tirar essa armadura... Ela não é pesada, mas pijamas sempre serão mais confortáveis que roupa de trabalho."
...
Horakthy: "*se levantando* Ugh... Deixa pra lá... Não sei porque fui falar de roupas logo com você..."
A armadura de placas douradas desapareceu, deixando apenas o corpo nu de Horakthy. Bem, não exatamente nu, pois seu exoesqueleto cobria as partes censuráveis.
Horakthy: "*se aproximando da beirada* Bem, então estou indo! Ah, o novo casalsinho vai chegar em breve. Cuide bem deles, ok?"
...
Horakthy: "Hã? Desde quando você se importa com roupas?"
...
Horakthy: "Então só vou colocar uma roupa simples-"
...
Horakthy: "Você tem um ponto... *colocando o primeiro vestido* Bem, então até mais Édenzinho!"
A mulher quimérica partiu, deixando o jardim já recuperado.
Momentos depois, gloriosamente pousou em frente aos seres dourados, que mais uma vez a saudavam. Os aukhemyanos também se reuniam atrás. Obviamente, nenhum repórter perderia essa oportunidade.
Horakthy: "*solenemente* Agora que estão reunidos, tenho um último recado. Em alguns dias, os novos Soberanos despertarão. Até esta data, a maioria de vocês Homúnculos deverão proteger Aukhemya. A Barreira do Prólogo protege esta terra das ameaças externas, mas não impede os inimigos entre nós."
@Sebastian, Carolina, Reinaldo |Vocês podem voltar para casa. Já passaram tempo demais em Aukhemya, e isso pode causar suspeitas. Como vocês foram invocados, só preciso cancelar a invocação.|
@Drácanis, Catarina |Preciso que encontrem algumas pessoas. Apesar de tudo, o interior do palácio está um pouco bagunçado e deserto. Elas cuidarão disso.|
@Carla |Vou abrir um portal perto da sua casa. Mas antes preciso que dê uma passadinha em Belo Horizonte e encontre Ana, a prima do Lúcio, e dê este recado para ela...|
@Marlos e equipe |Encontrem suas famílias e as tirem de lá. Se precisarem de ajuda com a burocracia, avisem Drácanis.|
Eles assentiram e partiram.
Horakthy: "*olhando para o vazio, franzindo a testa* Então, como vai ser? Vocês vieram para cá e não vão dizer nada à sua irmã mais velha?"
As pessoas ficaram confusas, mas então quatro seres divinos materializaram-se do ar. Um deles era vermelho, o outro castanho escuro, uma mulher azul e a última verde. As pessoas facilmente os reconheceram como os lendários Reis Divinos, o que causou mais uma comoção. Afinal, aqueles que eram cultuados como deuses apareceram na frente deles.
Em seguida, um quinto surgiu. Um receoso homem branco. Eles não sabiam quem era, mas sabiam que aquele homem estava na mesma liga dos Reis Divinos.
Cada um tinha mais de 10 m de altura, mas então encolheram até ficarem com quase 4 m.
E por fim, uma enorme quimera prateada, que logo metamorfoseou-se em um atraente mago. Todos apavoraram-se, pois aquela era a quimera da primeira Rainha Demoníaca.
Eles então curvaram-se.
???: "Nós, os Monarcas, saudamos a Prima Dei Creatio."
Endimião: "Devido a imprevistos, venho em nome da minha senhora, a Monarca das Trevas. Em seu nome, eu saúdo a Prima Dei Creatio e a Primeira Soberana de Aukhemya."
Horakthy: *acenando com a cabeça*
"Isso também vale para vocês, minhas amigas e irmãs, e meus filhos."
Então, seis mulheres surgiram. Pareciam quimeras, como a própria Quimera Divina.
???: "Nós, as Rainhaperatrizes, saudamos a Divina Rainhaperatriz."
Seis outras entidades apareceram. Lembravam humanos, antigos aukhemyanos, anjos ou demônios, e também se curvaram.
???: "Nós, os Filhos de Ouroboros, saudamos nossa Mãe, a Serpente Infinita."
Os aukhemyanos já não tinham reação. De repente, vários seres demoníacos e divinos surgiram para receber a Soberana. Como caralhos eles deveriam se comportar? Bem, não importa. Só ficaram boquiabertos e com olhos esbugalhados.
Horakthy: *acenando com a cabeça*
"Alegra-me vê-los novamente. Infelizmente não tenho muito tempo sobrando, mas logo iremos nos reencontrar. Até lá, posso contar com suas ajudas para cuidar da minha Terra Dourada?"
Iehnyril (Hélio), o Monarca da Luz: "*solenemente* Aukhemya também é o nosso lar. Guardaremos a casa de nossa irmã com todas as forças."
Asteliyuz, a Rainhaperatriz dos Seres Celestes: "*com bravura* Protegeremos a morada da nossa líder, em nome da nossa irmandade!"
Electrumitas, a Sexta Filha de Ouroboros: "Cuidaremos do nosso berço, honrando o nome Naether de Verum Magnum Opus."
Horakthy: "*sorrindo* Então, é aqui que me despeço."
Horakthy voou alguns metros, fechou os olhos e brilhou ainda mais. Seu corpo tremeu e virou líquido, dividindo-se em dois núcleos.
Um dos núcleos produziu Miasma Dourado e moldou-se até formar uma figura humanóide masculina, de aproximadamente 4,1 m de altura, possuía uma armadura ou exoesqueleto de placas douradas, com runas escarlates e uma pedra vermelha no peito. Seu rosto ou sua máscara era inexpressivo, com gemas escarlates nos olhos.
Ele então pousou com um pequeno estrondo. Os Homúnculos imediatamente se curvaram, saudando o novo Soberano. As demais entidades o cumprimentaram. Então o novo ser simplesmente se virou e observou o outro núcleo.
Alguns deles ficaram ofendidos, outros confusos, e os demais acharam interessante.
Mas, naquele momento, ele não se importava com essas pessoas. Apenas com ela.
...
Quase duas horas se passaram. Muitos aukhemyanos foram dormir, exceto os pobres e curiosos repórteres, Homúnculos continuavam de guarda ou foram cumprir suas missões, os Monarcas aguardavam, as Rainhaperatrizes conversavam e os Filhos de Ouroboros admiravam os arredores.
Foi quando algo finalmente aconteceu.
Elixir Prateado envolveu o segundo núcleo, formando um corpo feminino tão alto quanto seu parceiro. E assim como seu parceiro, seu corpo parecia ser feito de placas prateadas, com runas cerúleos. Também tinha uma máscara inexpressiva.
Então ela caiu.
Os mais ágeis, como os Monarcas e as Rainhaperatrizes logo perceberam que algo estava errado e rapidamente tentaram ajudá-la. Mas isso não seria necessário, pois seu amante a pegou.
Por um momento, nada aconteceu. Até que enfim ele a segurou nos braços, e carregou a mulher inconsciente, caminhando em direção ao palácio. Todos o seguiram, seja porque esta era a missão dada pela sua senhora, ou por simples curiosidade.
CLANK!
CLANK!
CLANK!
Durante esse tempo, os ruidosos passos ecoaram, como os sons de pesadas peças metálicas colidindo. Quando se aproximou das grandes portas do palácio, asas cresceram nas costas do homem dourado, que as usou para voar até o jardim nas nuvens, onde desapareceu com sua esposa.
Certamente era uma visão incrível para os aukhemyanos. Mas era ainda mais intrigante para os seres divinos. Alguns conheciam a situação envolvendo Lúcio e Selene, mas nunca imaginaram que ele despertaria asas como aquelas. Pelo menos, não agora, muito menos como um humano...
...
Em Washington, Estados Unidos, um homem usando terno e sobretudo olhava para o horizonte, em direção ao sudeste, através da janela de uma famosa casa branca.
???: '*sorrindo* Descanse um pouco querida. Nossa família está cuidando de tudo em Aukhemya, e eu estou cuidando de tudo por aqui. Bem, nos vemos em sete dias.'
Secretária: "Erm, com licença, senhor Sophis? Senhor Eli Sophis? O presidente mandou chamá-lo."
Eli: "Certo, estou indo."
'Bem, o estágio 2 para a guerra começa agora.'
...
...
Passou-se uma semana. Aconteceram muitas coisas em Aukhemya durante esse tempo, mas agora não é o momento ideal para falar da vida cotidiana ou de algumas discussões em família...
O que importa é que duas figuras humanóides apareceram na beirada do jardim...
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{Notas do Autor}
Acabou! ACABOU! ACABOOOOOUUUUU!!!!!
PUTA QUE PARIU, TAPORRA QUE DEU TRABALHO!
Antes que alguém comece a dizer Deus Ex Machina isso, Deus Ex Machina aquilo, permitam-me dizer algo.
...
...
Vocês estão certos.
Meu objetivo (e de outras entidades) é que esse fosse o momento da Horakthy. Afinal, é por causa disso que algumas tramas e conflitos vão se desenrolar...
Mas, de qualquer forma, esse caos (adjetivo muito apropriado para a história, eu diria) que foi o Volume 1 vai começar a tomar forma. Não lembro se expliquei (sério, eu acho que tenho Alzheimer, só pode) mas esse desenrolar dos eventos sem muita explicação é porque quis deixar da forma que o Lúcio viveu a situação, sendo um problema rolando atrás do outro.
Mas o que esperar para o próximo Volume? TREINAMENTO! Lúcio e companhia aprendendo a dominar seus poderes para os próximos eventos. Claro que não teremos apenas isso.
E sim, Horakthy tem títulos pra caralho! Alguns são bem conhecidos, outros nem tanto. Tem até aqueles que são um verdadeiro spoiler! Acho que só o amante dela poderia rivaliza-la nesse quesito...
Enfim, mais uma vez, obrigado por terem paciência comigo até agora. E espero poder contar com o apoio e suas participações no futuro.
Até mais, galera-
ESPERA AÍ!
...
...
...
TEM MAIS UM CAPÍTULO!